Vanguarda de Paty entra na mídia nacional, pela 2ª vez salvando vidas
Depois do Caderno de Domingo, do jornal O Globo, essa semana, a Revista Veja traz como matéria de capa e mais 8 páginas internas a 1ª fazenda no estado de plantação de maconha para produção medicinal
25/06/2021
Cannabis medicinal
Edição 351
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A Revista Veja (Rio) dedicou 8 de suas páginas à experiência
da plantação de maconha para uso medicinal em Paty do Alferes. Com a plantação,
a APEPI poderá ampliar o número de associados que necessitam do óleo extraído
da maconha. Hoje, a APEPI fornece o produto para 600 associados e está com
inscrição para novos associados suspensa porque a produção da entidade não
comporta novos pacientes que necessitam de canabidiol. Com a plantação de novos
pés de maconha na fazenda de Paty do Alferes, novos associados poderão se
inscrever e comprar o óleo a R$ 150,00, enquanto nas farmácias ele é vendido a
R$ 2.500,00, o que impossibilita que pessoas de renda média possam ter acesso
ao tratamento.
O óleo da maconha, tanto o canabidiol (CBD) quanto o
tetra-hidrocanabidiol (THC), é usado no tratamento de autismo, epilepsia,
esclerose múltipla e dores crônicas, como a fibromialgia, além do Parkinson e
Alzheimer, depressão, transtorno de ansiedade e síndromes genéricas.
As pesquisas avançam em todo o mundo, principalmente em
países onde não há restrições políticas e legais. No Brasil, o desconhecimento
e a desqualificação de estudos são desafios tão grandes quanto a falta de
recursos e infraestrutura.
Em 2015, a Anvisa retirou o canabidiol (maconha) do rol de
substâncias proibidas e passou a permitir a importação do óleo, mas a burocracia
e o alto valor do produto fizeram com que pessoas fossem à justiça buscar
autorização para o plantio da maconha para extração do óleo.
1º
habeas corpus no Rio no Juizado Especial Criminal de Botafogo (JECRIM)
Em 2016, o primeiro habeas corpus concedendo o
direito ao plantio para uso medicinal da maconha foi dado à advogada Margarete
Brito, que assegurou a produção na varanda de seu apartamento na Urca, Rio de
Janeiro. Margarete é mãe da Sofia, diagnosticada com CDKL5, uma síndrome
genética rara que, antes do uso da Cannabis, tinha cerca de 80 crises
convulsivas por semana, o que levava a problemas de desenvolvimento. Ela
encontrou no óleo da maconha esperança para aliviar o sofrimento e melhorar a qualidade
de vida da filha. Segundo Margarete, "Não se trata de um remédio milagroso,
mas amenizou a situação de forma importante. As crises ainda acontecem, mas só
que com muito menos frequência". Margarete e seu marido (coordenadores da
APEPI) são responsáveis por colocarem de pé o projeto da primeira fazenda de
maconha no Rio, na bucólica Paty do Alferes.
A
fazenda em Paty
A fazenda, com 12,5 alqueires (cerca de 600.000 m²), conta
com câmeras de segurança, onde agrônomos e biólogos cuidam de todas as etapas
do cultivo, da produção do clone à extração da flor, onde concentra-se as
substâncias fitoterápicas, sem agrotóxicos ou outras substâncias químicas. As
árvores ficam em diferentes platôs, onde elas ganham pulseirinhas coloridas que
indicam o tipo da cepa, ou seja, suas características genéticas. "Algumas
concentram maior número de CBD, outras de THC, isso vai determinar a composição
da fórmula e a mais recomendada para cada tratamento", explica o agrônomo
Diogo Fonseca Mantovanelli. Hoje, a APEPI fornece 6 variedades de óleo vendido
ao preço de R$ 150,00. Elas são processadas no laboratório onde ficava a antiga
cachaçaria da propriedade.
Adeptos
declarados do CBD
As conquistas da sociedade civil, impulsionadas por avanços
científicos e brechas na legislação, vêm abrindo trilhas para o uso terapêutico
da planta no Rio, que tem adeptos declarados, como as atrizes Ingrid Guimarães
e Cláudia Rodrigues. Diagnosticada há 20 anos, Cláudia, 50 anos, conheceu o
óleo de CBD através da apresentadora Xuxa, que comprava para a mãe, falecida em
2018, após longa batalha contra o Parkinson. No palco das celebridades
internacionais, a lista de usuários é bem mais longa, vai do ator Morgan
Freeman, que emprega a substância contra a fibromialgia, à atriz Jennifer
Aniston, que trata transtorno de ansiedade.
Principal
ativista do país
Hoje, a Margarete, mãe da Sofia e presidente da APEPI, é a
principal ativista na luta pela legalização da maconha com fins medicinais no
Brasil. Sua militância já foi tema do documentário chamado "Ilegal - a vida não
espera", que está disponível no YouTube, e o documentário "O mundo de Sofia", que
será exibido pelo canal GNT em 2022. Esse documentário é uma espécie de
continuação de "Ilegal", de 2014, que registrou o início da batalha dos
pacientes da Cannabis. Vale a pena conferir e aguardar "O mundo de Sofia".