Reviva ajuda Petrópolis e família imperial precisa cair na real
E a família imperial?
25/02/2022
Fala Bizerra!
Edição 386
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Depois das tragédias na Bahia e em Minas
Gerais, assistimos ao drama de centenas de famílias em Petrópolis, no Rio de
Janeiro, vitimando mais de 300 pessoas, entre mortos e desaparecidos. Para
ajudar, a ONG Reviva colocou-se à disposição para receber doações e as levar
aos nossos irmãos e irmãs que precisam.
Estamos de plantão na sede (Rua Santos
Dumont, 730, Pedras Ruivas), em parceria com empresas, prefeitura, comitê
popular de lutas de Paty do Alferes e Miguel Pereira, entre outras organizações;
também atentos a nossas redes sociais. Recebemos uma jovem e seu bebê de colo que
veio morar com a sua tia em Paty. Conseguimos para ela um carrinho de bebê, uma
banheira e roupas.
Além de ajudar, precisamos refletir
sobre o problema das mudanças climáticas, que estão causando desastres naturais
mais frequentes, de responsabilidade dos poderes públicos nesses casos. Durante
entrevista à CNN Brasil, Caroline Rocha, da Clima no World Resources Institute
(WRI), ligada ao meio ambiente, afirmou que os eventos climáticos adversos
serão cada vez mais frequentes caso a temperatura global continue subindo.
Segundo ela, devido às mudanças climáticas, essas catástrofes são inevitáveis e
vão continuar acontecendo, podendo piorar no mundo todo.
Para o professor Paulo Artaxo, do
Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Física
Atmosférica, a falta de ação política e de coordenação foram responsáveis pela
situação de calamidade do município de Petrópolis. Desde 2017, a prefeitura tem
um estudo que mostra 15.240 moradias com alto risco ou risco muito alto de
destruição em consequência das chuvas no 1º distrito da cidade mais castigado
pelo temporal. E, entre as 102 regiões mapeadas no local, a que aparece com
mais casas em perigo é a que foi identificada como Oswero Vilaça, onde está o
Morro da Oficina, local crítico da tragédia.
E a família imperial?
Diante desse desastre, chamou atenção o
posicionamento da família imperial a respeito do ocorrido. Dom Bertrand de
Orleans e Bragança publicou mensagem prestando solidariedade e orações às
vítimas de Petrópolis. Foi o bastante para uma forte reação nas redes sociais
chamar a atenção para o laudêmio, espécie de imposto para transações
imobiliárias instituído na época colonial. Ele garante recursos financeiros a
descendentes da realeza até hoje.
Chegou ao ponto de pessoas cobrarem o
uso de parte dos recursos na infraestrutura da cidade. Afinal, essa "taxa do
príncipe" foi criado em 1847 e é paga aos herdeiros de Dom Pedro I pela
ocupação da área onde seria a Fazenda Córrego Seco, comprada pelo imperador em
1830. Segundo matérias na imprensa, o terreno engloba boa parte da região central
da cidade, local onde ocorreu a tragédia.
Uma taxa de 2,5% sobre o valor dos
imóveis comprados e vendidos é revertida para a empresa imobiliária,
constituída pelos descendentes do imperador. Tão importante quanto orações e
solidariedade é a família imperial cair na real e ajudar, de forma concreta, as
vítimas e a cidade.
Marcelo Bizerra é dirigente do Sindicato dos Comerciários
do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes, diretor da Central
Sindical CTB, presidente da ONG Reviva e presidente do Bloco Tomatão.