Obesidade e sono
Há um grande relação entre obesidade e distúrbios do sono, uma delas é a síndrome obstrutiva do sono (OSA)
11/03/2022
Saúde
Edição 388
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A obesidade é uma desordem complexa que
envolve o acúmulo excessivo de gordura corporal. Existem muitos fatores que tornam
difícil para o ser humano a perda de peso, como a genética, fatores
fisiológicos (metabólicos, hormonais) e ambientais, combinados com determinado
tipo de dieta e atividades físicas.
Tecnicamente, a medida do índice de massa
corporal (IMC) é usada para o diagnóstico da obesidade. Um IMC entre 25 e 29 é
considerado sobrepeso, um IMC maior que 30 é indicativo de obesidade. Já um IMC
maior que 40 indica a obesidade mórbida.
Outra análise interessante no aspecto
obesidade é a medida da circunferência abdominal, uma vez que importantes
problemas de saúde acontecem, principalmente, em indivíduos que acumulam
gordura abdominal. Uma medida de 102 centímetros para o gênero masculino e 89 centímetros
para o gênero feminino, por exemplo, é um alerta para problemas de saúde.
Obesidade e distúrbios do sono
Há um grande relação entre obesidade e distúrbios
do sono, uma delas é a síndrome obstrutiva do sono (OSA). Esse distúrbio,
clinicamente, se traduz por sintomas como: roncos altos e ressuscitadores,
despertares frequentes, insônia, aumento da micção noturna e, principalmente,
sonolência diurna, tornando o sono fragmentado e não revigorante. Sua principal
causa é a diminuição do oxigênio no sangue, fazendo com que o paciente desperte
repetidamente para a correção da oxigenação.
Essa síndrome ocorre, na maioria dos casos,
na população de obesos com IMC entre 30 e 40, e está relacionada à hipertensão
arterial, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia (colesterol e triglicérides
alterados) e síndrome metabólica.
Um outro problema do sono diz respeito à
síndrome de hipoventilação alveolar associado à obesidade (OHS), que se refere
a longos períodos de hipoventilação alveolar, em que a causa fisiológica do
problema se dá, principalmente, na retenção do CO2 (dióxido de carbono) no
sangue. Esses pacientes, geralmente, não apresentam roncos altos, e sim uma
respiração curta durante longos períodos do sono. A expressão clínica da doença
é também uma sonolência diurna, com a diferença de que a síndrome da
hipoventilação vem acompanhada de confusão mental e cefaleia matinal, causada
pela narcose que ocorre pelo acúmulo do CO2.
Esses pacientes pertencem ao grupo dos obesos
mórbidos e, principalmente, aqueles que possuem IMC acima de 50.
Essa síndrome já era conhecida na literatura
inglesa de Charles Dickens, em que o autor descreve o personagem infante
chamado Joe, cuja obesidade o tornava sonolento durante o dia. A obra de
Dickens, criada no século XIX, contribuiu fortemente para a prática médica dos
distúrbios do sono.
Tratamento
O tratamento da síndrome de apneia obstrutiva
do sono dá-se, principalmente, com um gerador de fluxo chamado CPAP, em que o
paciente dorme com uma pequena máscara nasal que faz pequenas pressões
positivas, a fim de manter as vias áreas abertas.
Já no caso da síndrome de hipoventilação
alveolar, que se dá em obesos mórbidos, existem dois tipos principais de
tratamento: o gerador de fluxo com duas diferentes pressões positivas, chamado
BIPAP, fazendo um backup de volume/minuto assegurado pela máquina, e a
indicação da cirurgia bariátrica, bem como o acompanhamento em conjunto com
médicos especialistas. É importante ressaltar que a obesidade tem diagnóstico e
tratamento. Faça um check-up com regularidade e mantenha-se saudável, física e
psiquicamente.
Enio Pires Studart - Médico pneumologista e especialista em medicina do
sono.