O Ginásio Governador Portela & a Escola Normal Adalice Soares

Capítulo 36. A Trajetória Histórica do Município de Miguel Pereira

 08/04/2022     Historiador Sebastião Deister      Edição 392
Compartilhe:       

O Ginásio Governador Portela, agregado à Campanha Nacional de Educandários Gratuitos (hoje CNEC - Campanha Nacional de Escolas da Comunidade) foi criado em 1956 para atender à extensão do ensino de estudantes que concluíam o Curso Primário regular no Grupo Escolar Dr. Álvaro Alvim, em Portela, e no Grupo Escolar Dr. Antônio Fernandes, em Miguel Pereira, visto que, após a conclusão da antiga 5ª Série Primária, eles se viam obrigados a continuar seus estudos no Rio de Janeiro ou então em outras cidades do Estado.

Antes da reforma do ensino, havia o chamado Curso de Admissão intercalado entre a conclusão do Primário e o acesso ao 1º Ano do Curso Ginasial. Por essa razão, em 1955 instalava-se nas dependências da Escola Profissional Carvalho de Souza uma turma voltada para tal curso, iniciando-se ali o Ginásio propriamente dito em 1956. O Ginásio Governador Portela viria a ser oficialmente reconhecido através da Portaria do Estado de número 443, publicada no Diário Oficial de 21 de março de 1957.

Durante seu primeiro ano, o Ginásio de Portela funcionou em salas do Centro de Formação Profissional, já que era impossível para seus mentores construir sua própria sede naquela ocasião. No início de 1958, ele seria transferido para o recém-inaugurado Grupo Escolar Dr. Álvaro Alvim, transladando-se em definitivo para a Escola Normal Professora Adalice Soares nos anos sessenta.

Rapidamente, o Ginásio viu-se premiado com prestígio e respeitabilidade nos meios estudantis do município, vindo nele militar famosos professores da época ligados à Escola Profissional Carvalho de Souza, como Abílio Alves dos Santos Filho, Pedro Alves de Cristo, Alcebíades Laudelino Balthar, Estêvão Santana Monsores, Jorge Nelsino do Valle e outros que se encontravam alocados no próprio Grupo Escolar Álvaro Alvim, como Maria José Souto Soares, Lia Rodrigues Figueiras e Joyce Gepp, além de nomes emergentes na cidade dentro da área do magistério, destacando-se, no caso, Darcy Jacob de Mattos, padre Raimundo Noronha da Silva e Sebastião ("Tatão") de Freitas, o mestre de Latim. Ressalte-se que o Ginásio de Portela ainda contaria com a inestimável colaboração de dois professores de notável saber e profundo senso de solidariedade: Charles Gepp (pai da professora Joyce) e George Jacob Abdue, este um dos maiores incentivadores do funcionamento do Ginásio Barão de Paty, em Arcozelo.

Em dezembro de 1959, Portela em peso participaria com incontida alegria e justificado orgulho da formatura de sua primeira turma de Ginásio, composta pelos seguintes estudantes: Dilcéa Conceição Cruz; Edurci Fidélis; Elza Alves; José Joaquim Trajano; Luzia Langoni Ribeiro; Márcia Costa Fraga; Maria Aparecida de Freitas; Marlene Telles Corrêa; Nadir Augusto da Silva Braga e Paulo Jorge Valente.

Anos depois, o Ginásio de Governador Portela despiu-se dessa titulação, passando então a fazer parte do Colégio Cenecista Professora Adalice Soares. Inicialmente criada com o nome de Escola Normal, esta unidade de ensino de 2º Grau foi oficializada pelo Decreto nº 6.918 de 11 de fevereiro de 1960 expedido pelo governador Roberto Silveira.

Graças ao incansável trabalho de apaixonados portelenses - dos quais não podemos esquecer Adalmar Corrêa da Silva - a Escola entrou em funcionamento em um humilde e discreto casarão de madeira, situado à rua Mário de Castro, nº 61, posteriormente transformado em um prédio de ótimas instalações.

Tendo como diretora a professora Cecília Gomes Ribeiro, como secretária a professora Teresinha Pires dos Santos e como inspetora a também professora Sandra de Carvalho Leitão, a primeira turma da Escola Normal teria como pioneiras professorandas Dalziza Vianna Dutra; Elza Alves; Edurci Fidélis; Joyce Cynthia da C. Gepp; Linda Victória Abdue; Luzia Langoni Ribeiro; Márcia Costa Fraga; Maria Hilda Figueiredo Pinheiro; Rosa Maria Randig Rezende e Suely Vianna Dutra. Os primeiros professores desta turma foram Charles Gepp, Dr. Manoel Vieira Muniz, Maria José Souto Soares, Alcebíades Laudelino Balthar, Sebastião de Freitas, Teresinha Mesquita, padre José Kropff, Nildéa de Ávila, Amaryllis Queiroz de Almeida, Cecília Gomes Ribeiro e Regina Maria Moreira Barbosa.

Em 4 de março de 1978, através da Portaria nº 01, da Campanha Nacional de Educandários da Comunidade, seria nomeada para o cargo de Diretora a professora Vânia Maria Vieira Queiroz. Já a Portaria nº 1.778/81, da Divisão de Apoio Técnico (DAT), expedida em 1981, autorizaria a Escola Normal Adalice Soares a implantar o Curso de Habilitação Básica em Administração, de duração efêmera.

A escola manteve-se firme em seu rumo até os finais dos anos noventa (ainda sob a direção da professora Vânia) quando sucessivas crises financeiras determinaram sua lamentável desativação. Em face da necessidade de uma escola mais ampla que abrigasse o elevado número de alunos oriundos da então desativada Escola Municipal São João Batista, que iriam se somar àqueles que já se encontravam na Escola Adalice, o prefeito Fernando Pontes Moreira houve por bem adquirir o prédio do Colégio Adalice Soares nos anos 2000, aglutinando-o à rede municipal de Miguel Pereira, porém mantendo sua designação original em respeito ao relevante histórico de educação que tal unidade de ensino deixara gravado em Governador Portela e, principalmente, para manter viva a memória da saudosa professora Adalice Soares que tanto fizera pelo ensino na cidade.

Vale lembrar que, hoje, o segundo pavimento do prédio abriga as dependências do CEDERJ (da Universidade Aberta do Brasil), universidade federal, que oferece os cursos de Graduação em Pedagogia, História, Matemática e de Tecnólogo em Turismo dentro do moderno sistema de ensino EAD (Ensino a Distância).

 

Na próxima edição: Colégio Estadual Dr. Álvaro Alvim