O Miguel Pereira Atlético Clube
Nossos Clubes de Futebol - Parte 3
14/08/2015
Historiador Sebastião Deister
Edição 46
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O Miguel
Pereira Atlético Clube, entidade social e desportiva tão conhecida e apreciada
pelo povo miguelense, foi fundado em 26 de abril de 1930 na sala de visitas de
Manoel Bernardes Sobrinho, o famoso "Seu Manduca da Estiva".
Na
realidade, o clube foi criado em função de um capricho de Manduca e tão-somente
para fazer frente ao Estiva Futebol Clube (origem do atual Estrela FC), já que ele
e seus companheiros - em especial Calmério Rodrigues Ferreira, o "Juju" - não
aceitaram a imposição do nome da senhorita Conceição Setúbal Ritter para o
posto de madrinha do Estiva. Como naquela nostálgica época tal cargo social
assumia ares de enorme importância na vila, sua disputa anual era sempre
acirrada, quando os homens de maior influência econômica do lugar tratavam de
apontar suas candidatas àquele posto tão prestigiado.
Assim, nos
meses iniciais de 1930 Manduca pretendia ver sua filha Maria Ramos Bernardes
ocupando aquela elevada posição social na pequena Miguel Pereira, mas os
diretores do Estiva (entre os quais alguns desafetos de Manduca e Juju, como
Geraldino Caetano da Fraga, Nagib Ahouage, Bonifácio de Macedo Portela, Aurélio
Barile e o Dr. Oscar Setúbal Ritter, irmão da pretendente) mantiveram sua
posição, razão pela qual a dissidência mostrou-se inevitável, levando o grupo
liderado por Manduca e Jujn a fundar o Miguel Pereira Atlético Clube.
Primeiro presidente
Claro
está que o seu primeiro presidente foi Manduca, coadjuvado em sua diretoria
pelos senhores João Alberto Masô, Felipe Carvalho, Alzino Ferreira Tintas,
Calmério Rodrigues Ferreira, Antônio Ferreira Real, Daniel Bernardes Filho,
Francisco Vilet Peralta e Dalvet Rodrigues Ferreira.
Inauguração do novo
campo
O campo
do novo clube foi inaugurado no dia de Santo Antônio, 13 de junho de 1930 (ver
figura 1) em terras cedidas por Juju, nas quais hoje se ergue o Colégio
Estadual Dr. Antônio Fernandes. Seu time de futebol logo se mostrou poderoso e
temido, tornando-se célebres seus embates contra o Estiva Futebol Clube e o
Portela Futebol Clube.
Em 1954,
entretanto, o Departamento de Engenharia do Estado do Rio de Janeiro propôs à
direção do Miguel Pereira Atlético Clube a compra do terreno onde se localizava
o campo de futebol, uma vez que o Governo pretendia ali construir um colégio
estadual. Uma vez que Juju mostrava vivo interesse no negócio - por ser ele o
proprietário daquelas terras e pelo fato de a oferta ser bastante tentadora -
nada restou ao clube senão oficializar sua venda em 26 de setembro de 1954,
fato que, naturalmente, causou enorme tristeza em Miguel Pereira.
A antiga e a nova sede
De
qualquer forma, o clube continuou existindo legalmente (somente seu futebol
fora desativado), visto que à rua General Ferreira do Amaral já funcionava sua
sede social. Porém, por iniciativa do senhor José Tertuliano Gomes - então seu
presidente - o MPAC deslanchou uma grande campanha na cidade no sentido de
adquirir uma ampla área para que nela se levantasse sua nova sede, cuja pedra
fundamental foi lançada no ano de 1964. Foi a partir daí que nasceram na cidade
as belas dependências do clube, hoje um patrimônio de incalculável valor em
Miguel Pereira.
Figuras
conhecidas da cidade perfilaram com brilhantismo nos times do MPAC, entre eles
Mário Lopes Rêgo, Moacir Machado, Izaías de Souza, Paulinho "Aviador", Célio
Moreira, Nelson "Brechó", Altemir Rezende, Mário Bacellar, Hamilton Ferreira
Gomes (que chegou inclusive a jogar no Clube Atlético Mineiro), Bruno Martins,
Tião Costa, Tião "Urutu", Juquinha Fraga, Vavá Pereira e - em especial - Hélio
Moreira (ver figura 2), um filho autêntico de Miguel Pereira que fez fama no
América FC do Rio de Janeiro e na Seleção Brasileira campeã da Taça Atlântico e
da Taça Oswaldo Cruz em 1956.