Climatério - o que é afinal?

O climatério e a menopausa são situações diferentes

 06/01/2023     Sexóloga Clarissa Huguet      Edição 431
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Todas as mulheres têm duas certezas na vida: que chegarão à menopausa e que morrerão um dia. As duas situações são temidas e há grande tabu acerca de ambas. Ou seja, mais uma vez, eu estou aqui para lhes dizer que TODAS nós passaremos por isto e que essa época de nossas vidas poderá acontecer de duas formas: tranquila com informação e ações intencionais para controlar as consequências que podem advir da menopausa ou com sofrimento e medo.

O climatério e a menopausa são situações diferentes

Ainda que muitas vezes sejam utilizados como sinônimos, o climatério e a menopausa são situações diferentes. O climatério é o período de transição entre a fase reprodutiva e não reprodutiva da mulher, quando ainda acontece a menstruação, mesmo que irregular. Já a menopausa tem como característica a ausência completa da menstruação. Este período é considerado apenas quando a mulher não apresenta nenhum ciclo menstrual por mais de doze meses consecutivos.

Feita esta diferenciação, vamos lá. A vida fértil da mulher é marcada por dois grandes momentos: a menarca (primeiro fluxo menstrual) e a menopausa (a última menstruação). Na reta final da fertilidade, o corpo começa a apresentar diversos sinais devido ao início da falência ovariana. Essa fase é chamada de climatério, nome científico que descreve a transição fisiológica do período reprodutivo para o não reprodutivo na mulher.

Em geral, varia dos 45 aos 60 anos e, dentro dessa etapa, ocorre a menopausa, definida com a interrupção permanente da menstruação, reconhecida após 12 meses consecutivos de amenorreia (ausência de menstruação). O climatério é dividido em três fases: a pré-menopausa, a perimenopausa e a pós-menopausa. Caso os sintomas surjam antes dos 45 anos, considera-se precoce (há correntes que consideram precoce sintomas abaixo dos 40 anos).

O climatério ocorre em virtude do esgotamento dos folículos ovarianos, que provoca a progressiva diminuição da produção de estrógeno. Apesar de poder ser uma fase difícil, o climatério é um período importante e inevitável na vida da mulher, devendo ser encarado como um processo natural e não como doença.

Vale enumerar os principais sinais de que uma mulher passa pelo climatério: irregularidades no ciclo menstrual, que podem se tornar mais longos do que o normal ou intermitentes, ondas de calor (fogachos), sudorese excessiva, perda ou diminuição da libido, desconforto nas relações sexuais, secura ou diminuição da umidade da mucosa vaginal, depressão, variações de humor, irritabilidade, insônia, perda da elasticidade da pele, ganho de peso e aumento da porosidade dos ossos.

Apesar de não ser uma doença, há várias ações que são fundamentais para que a mulher consiga viver de forma mais tranquila durante esse período. Adotar um estilo de vida mais saudável, uma dieta balanceada que seja rica em fibras, cálcio, vegetais, frutas e pobre em gordura e carnes vermelhas. Diminuir a ingestão de bebidas alcoólicas e cafeína também ajuda. Além disso, usar e abusar de lubrificantes vaginais durante as relações sexuais e a masturbação é um tiro certeiro na manutenção de uma vida sexual prazerosa. Inclusive, mantendo a vida sexual ativa, a mulher tem uma melhora do fluxo sanguíneo na região da vagina o que contribui na diminuição da secura vaginal característica da mulher menopausada.

Não preciso nem me referir a todos os benefícios que advêm da prática regular de exercícios físicos, não é? Quem me acompanha no meu Instagram sabe que eu não vivo sem esportes! Colocar o corpinho em movimento ajuda na prevenção do ganho de peso, melhora a qualidade do sono, o humor e a vida de forma geral.

Muitas mulheres optam também pela terapia hormonal indicada neste período. A reposição hormonal tem a vantagem de aliviar os sintomas físicos (fogachos), psíquicos (depressão, irritabilidade) e os relacionados com os órgãos genitais (secura vaginal, incontinência urinária). Além disso, funciona como proteção contra a osteoporose e assegura melhor qualidade de vida para a mulher. Ou seja, é imprescindível que a mulher tenha acompanhamento de um(a) ginecologista neste período, pois mulheres com histórico de câncer não podem se submeter à reposição hormonal, por exemplo.

Para terminar, uma curiosidade: vocês sabiam que todos os óvulos que a mulher produzirá ao longo da vida têm sua origem em folículos dos ovários que já estão presentes no momento em que nasce uma menina? Esta reserva é usada desde a menarca até a última menstruação. Mulher nenhuma é capaz de formar novos folículos para repor os que se foram. Quando morrem os últimos deles, os ovários entram em falência e as concentrações dos hormônios femininos, estrogênio e progesterona, caem irreversivelmente.

Ficou claro que a vida sexual de uma mulher NÃO acaba com a menopausa? Esta é uma ideia antiga e ultrapassada e várias mulheres acabam ficando mais seguras em seus relacionamentos por terem a certeza da impossibilidade de uma gravidez indesejada. Esta segurança faz com que elas fiquem mais relaxadas e, assim, consigam se entregar e ter mais prazer em suas relações.

Para vocês aí do outro lado que já passaram ou estão vivendo o climatério agora, como foi/está sendo a experiência?