Bumbum de fora

A tendência deste carnaval foi, definitivamente, sair com o bumbum de fora. Já foram os mamilos, mas, hoje, em 2024, o bumbum chegou com tudo

 16/02/2024     Sexóloga Clarissa Huguet      Edição 488
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A tendência deste carnaval foi, definitivamente, sair com o bumbum de fora. Já foram os mamilos, mas, hoje, em 2024, o bumbum chegou com tudo. Fiquei feliz demais em ver tantas mulheres com corpos diversos botando o bumbum pra sambar livre, leve e solto, inclusive EU.

Sim, corpos diversos: magras, gordas, com muitas estrias e celulites, com pouca ou quase nada, tipo bumbum "padrão patriarcado", tinha de tudo! Que maravilha. Mas, opa, livre, leve e solto, Clarissa, será mesmo? Deixa eu contar uma curta história que rolou ontem no bloco.

Estava lá um grupo de meninas jovens, todas de meia arrastão e bumbum de fora. Perguntei como havia sido nos blocos, se houvera assédio. Resposta: "foi bem tranquilo, estávamos sempre em grupo". Então me veio o pensamento: e se elas não estivessem em grupo?

Essa liberdade é, de fato, real? Creio que não. Porque, se elas estivessem sozinhas e não em grupo, seriam, muito provavelmente, vítimas de algum tipo de violência. Infelizmente, a "liberdade" que vem junto com o carnaval não muda séculos de violência, opressão e desrespeito.

O movimento de resistência das mulheres, por outro lado, expresso nas vestimentas, em vestir o que quiser, precisa ser validado. O NÃO É NÃO que vi tatuado em tantos corpos precisa ser entendido como algo sem exceções.

E vamos seguir sambando e rebolando, pois usar roupas curtas ou sair com o bumbum de fora não significa que estamos "pedindo", não significa que a culpa foi nossa, quer dizer, apenas, que nós podemos escolher o que vestir, que meu corpo me pertence e que isso não abre passagem para nenhum carro abre alas cheio de machos sem noção passar!

Deixo link de excelente artigo sobre o tema no stories, corre lá pra ler: