Farra com dinheiro pago à OS que deveria ir para a saúde inclui passagens aéreas, hospedagem e alimentação.
Deputado Pedro Fernandes, da Comissão de Orçamento da Alerj, pede o bloqueio imediato do pagamento
19/03/2016
Desperdício dinheiro
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Num espaço de dez meses, quase R$ 40 mil gastos só com táxi, mais R$ 188 mil gastos em passagens aéreas e outros R$ 100 mil, com hospedagem e alimentação. Os gastos, que deveriam ir para investimentos de saúde no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, foram pagos pelo estado à organização social (OS) Instituto Sócrates Guanaes, com sede na Bahia. O caso foi mostrado no RJTV, da TV Globo. A OS recebe R$ 18 milhões por mês pra cuidar do hospital, segundo levantamento da Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa do estado do Rio (Alerj).
De acordo com a reportagem, com os R$ 40 mil seria possível rodar 15 mil quilômetros, o que significa fazer uma viagem por, praticamente, todo o Brasil, saindo de Niterói até Belém, no Pará, e passando por todas as capitais do Nordeste brasileiro. Depois, descendo, seguir até o Chuí, no Sul do país e, só então, voltar para Niterói, Região Metropolitana da cidade.
Pelo valor pago em passagens aéreas, hospedagem e alimentação, agências de viagens consultadas pelo RJTV informaram que seria possível pegar um avião no Rio de Janeiro e voar para Miami, nos Estados Unidos. De lá, pegar um navio e fazer um cruzeiro de uma semana no mar do Caribe. E isso tudo com mais 15 amigos.
O presidente da Comissão de Orçamento da Alerj, deputado Pedro Fernandes (PMDB), pediu imediatamente o bloqueio de todo pagamento feito À OS.
- Não tem como o estado continuar pagando essa farra. O estado precisa ser ressarcido e a gente abater da dívida existente.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, a pasta faz o pagamento integral do contrato, mas desconta da OS, no mês seguinte, despesas que considera irregulares. O instituto declarou que faz registro de todas as despesas, mesmo aquelas que não são pagas pelo estado.
Medicamentos fora de validade são outro problema; consórcio responsável pelo depósito onde foi constatado desperdício foi ouvido por comissões
As comissões de Orçamento e Tributação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) solicitaram nesta segunda-feira (07/03) ao Consórcio LogRio, que administra a Central Geral de Abastecimento (CGA), em Niterói, onde foram encontradas toneladas de remédios vencidos, a relação de todos os medicamentos incinerados e os que ainda estão no depósito da empresa. Também foram solicitados os relatórios encaminhados à secretaria de Estado de Saúde (SES), que segundo a LogRio, informariam com antecedência o prazo de validade dos medicamentos.
Gerente de operações do consórcio LogRio, Julio Cesar Grachet afirmou que o grupo recebe cerca de R$ 4,7 milhões por mês para armazenar e distribuir medicamentos e equipamentos para dezesseis unidades de saúde estaduais. Segundo ele, existe um sistema que informa à SES quando os medicamentos vão vencer, com uma antecedência de até 60 dias.
Presidente da Comissão de Orçamento, o deputado Pedro Fernandes (PMDB) afirmou que os documentos solicitados nesta segunda-feira vão ser decisivos na apuração do desperdício de remédios.
- Se o consórcio entregar para comissão todos os documentos que comprovem que eles informaram sobre os vencimentos, queremos saber por que a secretaria não tomou nenhuma providencia para evitar essa perda - afirmou.
Nesta quinta-feira (10/3) as comissões vão se reunir novamente para ouvir os representantes da Secretaria de Estado de Saúde.