PMDB tem que resgatar princípio do ?não roubar?

Entrevista

 14/05/2016     Política Nacional   
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Um dos aliados mais próximos de Temer e nome certo na sua equipe, o ex-ministro Moreira Franco, diz que, se assumir a presidência da República, o PMDB deve resgatar o discurso de Ulysses Guimarães na Constituinte, quando afirmou que “o princípio inaugural da República é não roubar, não deixar roubar e colocar na cadeia quem rouba”. Diante de especulações sobre um possível ministério formado por citados na Lava Jato, Moreira diz que delação premiada não é sinônimo de prova, mas a "suspeita da suspeita da suspeita”.

- Dilma x Temer - Será totalmente diferente. Primeiro, no método de condução política parlamentar, que foi extremamente desprezado no governo Dilma. Segundo, a política econômica terá compromissos com fundamentos abandonados nessa gestão.

- Prioridades - Controle da inflação, gastos públicos de acordo com as condições reais para manter equilíbrio fiscal, superavit primário para evitar que se pague dívidas com empréstimos, segurança jurídica.

- Ministro da Fazenda - Terá o comando do ministério, mas também vai estar presente na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil e no Banco Central, coisa que no governo atual, sobretudo nesse final, não existia porque os cargos eram preenchidos exclusivamente por critérios do voto contra o impeachment.

- Erro de Dilma - Uma das observações que todos sempre fizeram é que, em muitas áreas, quem tocava politicamente e administrativamente o ministério perante a presidente da República era um secretário executivo. Se o presidente Michel Temer assumir o mandato, ministro vai ser ministro; secretário executivo será subordinado ao ministro.

- Relação com o Congresso - Temer sabe que a prática do troca-troca como a moeda exclusiva no relacionamento político-parlamentar não é eficaz. É fundamental restabelecer algo que se perdeu da vida parlamentar desde o Mensalão, que é um comprometimento do deputado com objetivos políticos programáticos.

- Negociações - Uma das primeiras medidas será convocar os partidos para discutir o programa do governo. E não querer que essas medidas sejam abraçadas pelo voto do parlamentar exclusivamente por interesses de natureza mercadológica.

- Distribuição de cargos - Não acho que participar de cargos seja algo que atente contra a moral pública. Agora, é preciso decência, é preciso espírito público, é preciso transparência. Então o que é condenável é a falta de espírito público, é a falta de decência.

- Parâmetros - O dr. Ulysses, na Constituinte, sintetizou, quando falou da moral da República, que a República precisa, para ser decente, de valores. Ele disse, e tem sido sempre referencial essa afirmativa dele, que o princípio inaugural da República é não roubar, não deixar roubar e colocar na cadeia quem rouba. Então nós temos que resgatar isso.

- Investigados x cargos - Cada caso deve ser avaliado em função da profundidade e extensão. Uma coisa é uma pessoa citada em uma delação, que não há nem processo de investigação. É a suspeita da suspeita da suspeita. Outra coisa é a pessoa que já está em fase avançada de investigação.

- Lava Jato e o PMDB - A operação Lava Jato está fazendo investigação. 

- Eleições 2018 - É um sonho do partido  eleger o presidente da República, pelo voto secreto. É fundamental que nós realizemos esse sonho. Mas, no momento que o Brasil atravessa, em primeiro lugar deve vir o País. Não o partido, não os grupos, não a vitória eleitoral, mas o País.

- País dividido - Temos que buscar unificar, pacificar a sociedade brasileira para tirar o País da crise. Essa é a meta, o rumo que devemos seguir, que vamos seguir. 

 

- Presidenciáveis e o governo - O primeiro objetivo já definido pelo presidente Temer é o interesse do País, não a organização ou preocupação com vitórias eleitorais.