MINGAU Pereira ou Miguel POEIRA?

Dos 744 km de vias existentes, somente 134 km (18%) têm algum tipo de pavimentação (asfalto, bloquetes ou paralelepípedos)

 27/05/2016     Opinião   
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Divulguei pela minha página no facebook esta semana, informação inédita sobre o estado de conservação das vias urbanas e rurais do município, e o retrato é desolador. Dos 744 km de vias existentes, somente 134 km (18%) têm algum tipo de pavimentação (asfalto, bloquetes ou paralelepípedos). Ou seja, Miguel Pereira é uma cidade de estradas de chão batido, com 610 km (82%) de vias não pavimentadas. Isso significa que desde a fundação da cidade, em 1955, o ritmo de pavimentação das estradas, em média, foi de míseros 2,2 km por ano.

Mas, a informação mais grave é a de que do total das vias mapeadas, 80% (isso mesmo!) estão em PÉSSIMO estado de conservação! Este trabalho foi elaborado com ajuda de voluntários especializados da cidade e imagens de satélite de alta resolução. A falta desses dados demonstra a fragilidade da gestão na Secretaria de Obras há muitas décadas e nos aponta algumas prioridades:

- É urgente a pavimentação de, ao menos, 70 km de vias em áreas altamente urbanizadas. Algumas delas, inclusive, já constam como pavimentadas nos registros da Prefeitura (estranho?!);

- É plenamente possível a manutenção MENSAL de todas as vias de chão batido, considerando a quantidade de máquinas motoniveladoras disponíveis na Prefeitura, utilizando-se o rendimento médio diário deste tipo de equipamento;

- É fundamental a regularização de 3 saibreiras no município, (Centro, Marco da Costa e Arcádia) o que é possível de ser realizado em (pasmem!) 90 dias, conforme matéria veiculada neste jornal, no dia 11 de março;

- A política de asfaltamento do tipo “eleitoral”, que não conta com rede de águas pluviais, nem estrutura básica, compromete em curtíssimo prazo a qualidade do pavimento. O barato sai caro!

- Praticamente todos os sistemas de drenagem (caixas, valas e manilhamento) das estradas de chão batido estão entupidos ou quebrados por falta de manutenção. Ou seja, não adianta passar a máquina sem consertar o sistema de drenagem.

Esta situação gera graves prejuízos de todos os tipos aos cidadãos e aos negócios na cidade, seja com a danificação de veículos, aumento do custo da manutenção, elevação de custos de passagens de ônibus e tarifas de táxis, impactos ambientais com o assoreamento de rios e nascentes, dificuldades de acesso de estudantes ao transporte público escolar com regularidade, aos serviços de ambulância e SAMU, redução drástica de visitantes à cidade e dificuldades no escoamento de produtos agrícolas das zonas rurais.

Acostumei a ouvir, desde criança, que Miguel Pereira tem na verdade dois nomes: MINGAU Pereira, quando chove, e Miguel POEIRA, quando chega a seca. Esta foi a forma descontraída que o miguelense descobriu para superar este drama histórico, mas até quando toleraremos isso? Precisamos de uma política transparente e profissional de transporte público que dê prioridade à manutenção das estradas e à captação de recursos para ampliação das ruas pavimentadas. Esta é uma questão estratégica para o desenvolvimento da nossa cidade.