Reciclagem inclui 240 catadores nos jogos Olímpicos do Rio 2016

O Projeto de Reciclagem Inclusiva é operacionalizado pelo Projeto Catadores em Rede Solidária da Secretaria do Ambiente

 09/09/2016     Meio Ambiente   
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A Secretaria de Estado do Ambiente transformou o evento das Olimpíadas do Rio em uma excelente oportunidade para mostrar aos demais 92 municípios do Rio que é possível e necessário fazer coleta seletiva em grandes eventos. Mostrou também que a Coleta Seletiva tem que ter catador, pois sem ele, a coleta é lixo. Necessariamente os catadores têm que participar dos Projetos, já que são eles os que mais entendem dessa tarefa, trabalho ambiental esse, que aliás, vêm exercendo há décadas.

Miguel Pereira

No carnaval de 2012, Miguel Pereira junto com Inea, fizeram a primeira experiência de Coleta Seletiva Solidária durante um evento. A Associação dos Catadores do Alto da Serra foi contratada para a coleta seletiva, tendo a participação da supervisão da equipe do Inea. Foram cinco noites de coleta de garrafas pet, latinhas, papel, papelão, etc., tendo todo o material sido destinado à Associação dos Catadores, com o apoio da Prefeitura através da Secretaria do Meio Ambiente. Segundo o então secretário Mauro Peixoto, “essa ideia foi trazida pelo Inea através da consultora Fernanda Peralta e levada ao prefeito Roberto de Almeida, que imediatamente deu sinal verde. Então nos reunimos com a Associação dos Catadores, o secretário de Turismo, coordenador do Carnaval 2012, assim como com os barraqueiros e comerciantes, e traçamos a estratégia. No nosso caso, não tivemos apoio de nenhuma empresa, como o que a Coca-Cola deu às Olimpíadas; só tivemos mesmo o apoio da Prefeitura. Foi uma excelente experiência, e fico feliz em ver que outros grandes eventos que vieram depois do nosso, como o Rock In Rio e agora as Olimpíadas do Rio”.

Na Olimpíada 

A Secretaria do Ambiente, Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Autoridade Pública Olímpica (APO) Rio 2016 lançaram o “Projeto de Reciclagem Inclusiva: Catadores nos Jogos Rio 2016”, na sede da Cooperativa Ecoponto, na Zona Norte do Rio.

A iniciativa faz parte do Programa de Reciclagem nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos para gerar renda para os profissionais de reciclagem. “Fortalecer e abrir mercado para Cooperativa e Associações de catadores é nosso principal objetivo com esse projeto. Quem faz isso numa Olimpíada está qualificado para fazer o mesmo em todos os grandes eventos no Estado”, disse o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa. 

Com a experiência adquirida no maior evento esportivo do mundo, os catadores estarão aptos a atuar em qualquer evento de grande porte, um verdadeiro legado de inclusão participativa na cadeia de reciclagem. No total, 240 catadores de 33 cooperativas e três redes, estarão atuando pelas arenas olímpicas, realizando o trabalho de reciclagem e educação ambiental, através de brincadeiras lúdicas.

“O mais importante desse projeto é o legado de reciclagem que vai ser deixado para os nossos catadores. Esse legado vai servir de exemplo para as próximas Olimpíadas. Na realidade, é a primeira vez na história das Olimpíadas que os catadores vão receber um valor pelo serviço prestado - uma diária mínima de R$ 80 - e depois todo o material reciclado coletado, estimado em mais de 3 toneladas, será vendido e o valor revertido para eles. Nós esperamos que isso se torne um modelo a ser aplicado em outras prefeituras, entes governamentais e em outras partes do país”, ressaltou o coordenador do programa Ambiente Solidário, da SEA, Ricardo Alves.                                        A ação conta com o apoio da Coca-Cola, parceira Master Rio 2016, que viabilizou a confecção dos uniformes usados pelos catadores e outros materiais de apoio e divulgação.

A presidente do Movimento Nacional dos Catadores, Claudete Costa, agradeceu o envolvimento e mobilização de todas as autoridades governamentais e empresas parceiras, o que possibilitou a inclusão dos catadores nos Jogos Rio 2016:

“Gostaria de agradecer o empenho da Secretaria de Estado e demais envolvidos, porque, se não estivessem conosco, esse evento não estaria acontecendo e não estaríamos prestando esse serviço. Então, meu carinho e respeito pela valorização da categoria do profissional de reciclagem. Esse não é só mais um evento que a gente vai estar prestando serviço; é um evento que traz mais um respeito para nossa categoria, uma luta de anos e anos”, disse entusiasmada.

Durante os Jogos, uma equipe do Programa de Reaproveitamento de Óleo Vegetal (Prove), da SEA, responsável por coletar 150 mil litros de óleo por mês e dar destinação correta em cooperativas, promoverá a logística reversa do óleo saturado produzido nas instalações olímpicas.