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Sair da zona de conforto e olhar para o próximo é uma atitude extremamente louvável. Praticar o bem, a partir da necessidade de quem está à margem de uma vida digna, representa muito mais do que um ato de solidariedade. É também uma oportunidade de aprendizado humano, por meio de lições oriundas de necessitados que sobrevivem em meio ao caos urbano. No Recife, um grupo de amigos resolveu colocar em prática o ato de ajudar o próximo, em que a única intensão é promover o bem.

Cerca de 30 pessoas integram o grupo Recife do Bem. Desde março deste ano, amigos resolveram se juntar para levar atenção aos moradores de rua do centro do Recife. Bem mais do que distribuir alimentos e roupas, o grupo investiu na relação social, em que uma conversa no chão e ao lado de pessoas desamparadas representa um momento único para quem vive na rua, muitas vezes invisíveis aos olhos da população. Porém, há dois meses, mais uma ideia solidária tomou conta do grupo: nasceu o Banho do Bem.

A advogada Duda Branco, uma das integrantes do Recife do Bem, conta que o grupo resolveu implantar um banho solidário para moradores de rua da área central da capital pernambucana. A ideia, nascida em Salvador, foi pesquisada pela equipe recifense, que reuniu recursos financeiros por meio de ajudas da sociedade civil – cerca de R$ 20 mil – e conseguiu criar a estrutura para a versão pernambucana do banho solidário.

Em um reboque atrelado a um carro do tipo 4X4, foram construídas duas áreas para banho, abastecidas por uma caixa com capacidade para quase mil litros de água. Com uma média de cinco minutos por banho, em divisões para homens e mulheres, o projeto oferece higiene para mais ou menos 25 moradores de rua, sempre às segundas-feiras, a partir das 20h30, na Avenida Dantas Barreto. Por enquanto, esse é o maior número de pessoas que o Banho do Bem consegue atender.

De acordo com Duda Branco, os moradores também recebem kits com sabonete, shampoo, condicionador, creme dental e escova. Por isso, o grupo aceita doações, mas apenas em produtos de higiene, assim como roupas em bom estado para uso. Segundo Duda, o ato do banho ultrapassa o objetivo de oferecer higiene aos moradores de rua.

“Quando a gente só entregava comida, procurávamos também criar um vínculo com as pessoas. Fazíamos recreações, dávamos aulas de inglês. A corrente foi crescendo, outros amigos se juntaram a nós. Hoje, o Recife do Bem é um grupo de amigos. A gente fala que o banho lava a alma, pois conversamos com os moradores e conseguimos ter a sensibilidade de dar atenção a eles. Descobrimos muitas histórias e aprendemos lições de vida”, contou Duda.

Pessoas de várias idades aproveitam a estrutura para tomar um banho de forma confortável e principalmente íntima. Depois do chuveiro – a água pode ser aquecida para evitar desconforto por causa das baixas temperaturas -, os moradores recebem um lanche e ainda contam com doações de roupas. Usam toalhas, lavadas posteriormente por uma empresa parceira do Recife do Bem. Javre Leôncio de Arruda Neto, morador de rua há cinco anos, admira a atitude solidária do grupo. “A gente passa fome e eles vêm trazer um pouco de comida e conforto. São pessoas que representam muito pra mim. Desde o início tomo banho aqui”, revelou. Confira o vídeo a seguir:

Interessados em conhecer mais o Recife do Bem e o projeto do banho podem entrar em contato com o grupo pelas redes sociais. Há o instagram.com/recifedobem e o endereço virtual:

recifedobem@gmail.com. Em breve, será lançada a página oficial no Facebook.

Números - De acordo com a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SDSDH), a cidade tem mais de 700 pessoas vivendo como moradores de rua. Segundo a PCR, existem espaços de acolhimento disponíveis. Confira mais informações no site da Prefeitura.