Sindicato interrompe demissões no Guanabara

Supermercado demitiu ilegalmente mais de mil trabalhadores e pretendia dispensar outros 2 mil. Justiça vai analisar reintegração dos que já foram demitidos

 23/01/2017     Luta sindical   
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O Sindicato dos Comerciários do Rio conseguiu uma liminar na Justiça do Trabalho para impedir que o Guanabara continue com o processo de demissão em massa de seus trabalhadores. Apenas nas primeiras duas semanas de janeiro, o supermercado dispensou mais de mil trabalhadores. A juíza da 51ª Vara do Trabalho, no entanto, decidiu liminarmente nesta segunda-feira (16/01) que nenhuma outra demissão poderá ser feita pela empresa sem prévia negociação com o Sindicato, sob pena de multa.

 

O Sindicato pede ainda a nulidade das demissões

E a imediata reintegração dos demitidos, o que deverá ser decidido pela Justiça do Trabalho em audiência marcada para a terça-feira da semana que vem (24/01). Trabalhadores que eventualmente venham a ser demitidos pela empresa devem comunicar imediatamente ao Sindicato.

“O Sindicato repudia as demissões! Estamos na luta para garantir a reintegração e ver reconhecida a ilegalidade destas dispensas. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) já decidiu que para dispensar em massa, as empresas são obrigadas a negociar condições com o sindicato que representa seus funcionários. Apesar disso, o Guanabara resolveu fazer as demissões pelas costas tanto do Sindicato quanto dos trabalhadores”, esclarece indignado o presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio, Márcio Ayer.

Ganância motivou demissões

A ação do Sindicato na Justiça também exige indenização por danos morais coletivos em favor dos demitidos, além de mostrar que as demissões foram feitas não porque a empresa esteja em dificuldades, mas apenas para aumentar lucros que já são milionários. O Guanabara nem culpa a crise econômica pelas demissões; diz abertamente que é “adequação do quadro de funcionários”. Basta ver que a maioria dos demitidos está entre os trabalhadores mais antigos da empresa.

“Demitir apenas por ganância é uma tremenda irresponsabilidade. Milhares de famílias correm o risco de ficar desamparadas só pra satisfazer o olho grande do patrão, não por necessidade, mas por capricho. Uma enorme falta de sensibilidade social, principalmente num momento tão difícil como esse, de desemprego em alta e enorme incerteza no futuro do país. Não vamos deixar barato e vai ter briga”, garante o presidente Márcio Ayer. Ele informa que enquanto a ação estiver tramitando na Justiça, o Sindicato vai percorrer as lojas do Guanabara para acompanhar a situação de quem continua empregado, além de permanecer ao lado daqueles que foram demitidos. Tanto com apoio jurídico gratuito, quanto conferindo se todos os direitos serão pagos nas homologações, fatos que vão acontecer até 17/02 na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE).   

Indícios de terceirização ilegal

O Sindicato descobriu que a empresa de terceirização Luxor Way está oferecendo 500 vagas de repositor em “supermercados de grande porte”, por salário menor que o piso da nossa categoria no Rio, atualmente em R$ 1.080. “A gente não pode esquecer que terceirização nas atividade-fim das empresas, embora seja um objeto de desejo do governo golpista de Michel Temer, ainda é uma prática proibida no Brasil”, dispara a vice-presidente do Sindicato, Alexsandra Nogueira, que é também funcionária do Guanabara.

O Guanabara atua em um dos setores menos afetados pela crise. No ano passado inaugurou duas filiais e continua em processo de expansão. “Não tem crise pra eles. Vão abrir pelo menos mais duas lojas este ano, o que prova que o Guanabara está com a saúde financeira em dia”, emenda Márcio.