José Pinto e a experiência de ter feito vinho em Miguel Pereira

Seu vinho caseiro foi extraído de 400 videiras de labruscas, Niagra Rosada, Niagra Tinta, Branca e Rosada, Isabel e Isabel PrecoceTintas

 29/01/2017     Produção artesanal   
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Nas mãos carinhosas do José Pinto, português de nascimento e morador de Miguel Pereira há mais de 47 anos, o sangue lusitano e tradição de seus antepassados falaram mais alto, fizeram com que Miguel Pereira chegasse a ter seu vinho caseiro, extraído de 400 videiras de qualidade labruscas (videiras americanas), das mais saborosas e das melhores uvas, como a Niagra Rosada, Niagra Tinta, Branca e Rosada, Isabel e Isabel e Isabel Precoce Tintas, que dá um vinho com menos acidez. As videiras foram plantadas na sua casa, e de amigos como Jaime Rabakov e na Fazenda Luciano Jeveaux e Ronaldo Castro Costa.

Segundo o José Pinto “as videiras, vinhos e seus derivados são muito fascinantes; se fosse possível deixar essa tradição seria muito bom. Eu me sinto muito emocionado com isso. Uma videira requer muitos cuidados, e a poda é muito importante, já que ela é a responsável pela produção, e depois que começa a brotação, na primavera, é que começa o tratamento contra os insetos e fungos”, e continua ele; “no início, fiz em Miguel Pereira como é a tradição lá em Portugal, amassando as uvas selecionadas no pé, mas depois trouxe do Sul uma maquininha manual de madeira, trazida pelo saudoso amigo gaúcho Francisco Salvatori, juiz aposentado e morador de Miguel Pereira. Em seguida, trouxe de Caxias do Sul uma outra máquina mais sofisticada, uma desingaçadeira utilizada para separar o ingaço (o cacho sem as uvas) das uvas” concluiu José Pinto.

A uva moída descansa por uma semana até fermentar, dependendo da temperatura, e depois é esperar por um ano nesses barris para que as leveduras mortas (borra) decantem. Esse processo leva aproximadamente um ano, e depois é só engarrafar o vinho.

Como o José Pinto utiliza a mistura de vários tipos de uva, o vinho dele é chamado de assemblage (mistura) que é a mistura de vários tipos de castas (uvas) no processo de produção de um vinho, ao contrário do que ocorre com os varietais, nos quais se utiliza uma única casta.

Um bom exemplo de vinhos assemblage são os vinhos feitos na Região de Bordeaux na França. Geralmente feitos com uvas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot, sendo permitido aos Bordeauxs, utilizar Petit Verdot, Malbec e Carmenére.

A mistura de cepas utilizadas nos assemblage tem como objetivo adicionar novos aromas e sabores ao vinho, deixando-os mais complexos, ou com menos acidez, dependendo do objetivo esperado.

Essa experiência ocorreu há 5 anos e foi interrompida pela dificuldade do controle de aves, gambás, micos, ouriços e por último os jacus, sem falar na mão de obra escassa e a falta de cultura agrícola. Da experiência saíram cerca de 100 garrafas do mais puro vinho da cidade e sem qualquer conservante, comum nos vinhos tradicionais.