Portugal pode ter população inferior à do Rio

Governo tenta atrair estrangeiros para garantir equilíbrio econômico

 20/05/2017     Planeta Colabora   
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A população de Portugal está ficando menor e mais velha. Até aí, nada de novo. Essa tem sido a tendência, há alguns anos, dos países europeus. O problema é o tamanho da queda. O Instituto Nacional de Estatística, o IBGE de lá, acaba de divulgar um estudo com três cenários para 2080. O mais otimista estima uma população de 9,5 milhões de pessoas. O intermediário fica em 7,5 milhões. E o pessimista prevê apenas 5,8 milhões de habitantes. Contingente inferior ao da cidade do Rio de Janeiro, hoje com 6,3 milhões.

Em 2015, os números mostraram uma redução na população portuguesa de 0,32%, caindo para 10,34 milhões de habitantes. As estatísticas confirmam que morreram mais pessoas do que nasceram no período. Mas houve um aumento no número médio de filhos por mulher, que chegou a 1,3 filhos, enquanto em 2014 foi de 1,23. Em 2016, nasceram, em média, 234 crianças por dia, em Portugal. Mas o aumento do número de óbitos contribuiu para que o saldo natural da população fosse negativo. O saldo migratório, que é a diferença entre o número de pessoas que entra no país e o número de pessoas que sai, continuou negativo em 2015 (-10.481). Em 2016, menos 33.492 pessoas residiram em Portugal.

Entre 2005 e 2012, o número de idosos em Portugual aumenot em mais de 316 mil e o de jovens até os 15 anos diminuiu para 208 mil. A quantidade de pessoas na chamada idade ativa, entre os 15 e os 64 anos, caiu em 278 mil. Portugal está entre os 17 países com crescimento negativo da população, do total analisado no estudo. A expectativa de vida para o período de 2015 a 2020 é de 84 anos, para as mulheres, e de 79 anos, para os homens. A taxa de fertilidade é considerada a mais baixa entre os países avaliados.

Para enfrentar essa “crise populacional” e os efeitos econômicos dela, o governo vem tentando atrair pessoas e investimentos de outros países. Entre eles, em especial, os brasileiros. O movimento começou ainda em 2012, quando Portugal resolveu oferecer visto de residência a qualquer estrangeiro que estivesse disposto a investir no país. Os resultados demoraram um pouco a aparecer, mas nos últimos anos passou a ser comum ver imobiliárias portuguesas, em São Paulo e no Rio de Janeiro, promovendo com sucesso a venda e o aluguel de imóveis nos becos e ladeiras do centro histórico de Lisboa. Quem investir € 350 mil (R$ 1,3 milhão) na compra de um imóvel de 30 anos, localizado nas áreas históricas, tem direito ao chamado Visto Gold.  A compra de imóveis por brasileiros em Portugal subiu de 394, no primeiro trimestre de 2015, para 560, em 2016.

Hoje, os brasileiros são uma força na compra de imóveis na capital portuguesa. Vários prédios foram reformados e comprados por eles. O que facilita este investimento é o custo de vida mais baixo, em relação a outros países da Europa, além de não existir a barreira do idioma. De modo geral, o perfil do brasileiro que investe nesse negócio é o do jovem empresário, insatisfeito com a economia brasileira; empreendedores que querem recomeçar a vida; e pais de jovens que estudam na Europa. Com a turbulência na política e na economia que o Brasil enfrenta, Portugal passou a ser uma ótima alternativa de moradia. Pesquisa feita pela Interna tional Living revela que o país é o décimo colocado num ranking de melhores lugares para se viver depois da aposentadoria. O Panamá fica com a primeira posição.

Se antes o brasileiro investia em Miami, nos Estados Unidos, hoje Portugal passou a ser o país mais procurado. Em parte, porque vem tendo um crescimento muito grande no turismo e o investidor brasileiro aposta nisso como uma boa possibilidade de negócio. Em novembro de 2016, em uma reunião entre representantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Brasília, o governo português propôs a livre circulação dos cidadãos no espaço da CPLP. A proposta, acolhida por todos os integrantes, inclui, além de vistos de residência e de trabalho concedidos automaticamente, acesso aos direitos sociais.  Os ministérios envolvidos se comprometeram a analisar as dificuldades e facilidades de cada país e a tomar medidas para avançar na concretização do objetivo, que volta a ser discutido na próxima cúpula, em 2018.