Maria Thereza, neta do professor Miguel Pereira, completa 91 anos no sítio que foi de seu avô
Os médicos e minha avó, tentam enganar o Miguel Pereira
08/02/2019
História
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Maria Thereza Nicolau, artista plástica, filha de Maria Helena Miguel
Pereira com o médico Joaquim Nicolau e neta do professor Miguel Pereira,
completou 91 anos bem vividos hoje, 8 de fevereiro.
Premiada no mundo todo, Maria Thereza recebeu o Jornal Regional na casa
construída pelo seu avô, onde passou os últimos momentos de vida e onde veio a
falecer em 28.12.1918. Na verdade, essa foi sua segunda casa na cidade; ela foi
comprada por sua mãe dos herdeiros e dada de presente para Maria Thereza. "Nunca passamos um verão no Rio, apesar de
morarmos no Jardim Botânico. O Rio é muito quente; esse ano, por exemplo, vim
em outubro e só desço no inverno, pois não me dou bem com o frio", diz a
artista plástica. "Minha avó, quando
terminava o verão, no começo do inverno, fechava a casa e ia para o Rio, só
voltava no verão seguinte. Mas minha mãe e meu tio Virgílio Miguel Pereira, no
inverno, que naquela época era rigoroso, vinham sempre", conta Maria
Thereza.
Dona de uma personalidade marcante, Maria Thereza fez seu próprio
destino. Aos vinte e poucos anos, já artista plástica, era apoiada por sua mãe,
que disse: "já que você decidiu que
será artista plástica, você vai aprender como se deve", e mandou Maria
Thereza estudar artes plásticas em Paris, onde estudou e morou por 4 anos. O
quadro na parede da sala onde nos recebeu foi o único dos cinco quadros que
voltou da Bienal de Veneza, na Itália.
A viagem de trem para Miguel
Pereira
Maria Thereza conta sobre a infância com os primos e tios na Vila que
mais tarde ganharia o nome de seu avô (Miguel Pereira). Mas ainda como
Barreiro, ela conta a aventura que era vir para a serra: "Éramos muito pequenos, mesmo assim cada um
trazia uma coisa para a casa. Também trazíamos muitos jogos, era jogo de
xadrez, jogo de dama e cartas, porque a viagem era longa e era uma forma de
passar o tempo; eram mais de 4 horas de viagem, e a única forma de chegar era de
trem, a família toda ajudava a trazer alguma coisa. A viagem era uma festa,
tinha um sanduíche que era vendido no trem e mamãe comprava para gente, já vínhamos
pensando nesse sanduíche que era de presunto, ele era ótimo, era um presunto
delicioso e farto".
Atendimento à população
Chegando à cidade, nessa época, a casa da família ficava entre
Sertãozinho e a Praça da Ponte. Dr. Joaquim Nicolau, pai de Maria Thereza, atendia
todos os dias os moradores da cidade que quase nunca tinham oportunidade de ver
um médico, quanto mais de se consultarem com um. ?Trazíamos muitos remédios, meu pai atendia os moradores e eles já
saiam com a medicação. Eram longas filas todas as manhãs na porta de casa, as
consultas começavam cedo e iam até tarde, até que minha mãe teve que impor um
limite de atender até às 11h da manhã, se não fosse assim, meu pai não conseguiria
descansar. Seus pacientes, em retribuição, traziam de tudo um pouco como
carinho, até que meu pai os proibiu de trazer galinhas e porcos, era tudo que
eles tinham, ele sabia que os bichos lhes fariam falta na sobrevivência da vida",
conta ela.
Os médicos tentam enganar o
Miguel Pereira
"Os médicos vinham a Miguel Pereira cuidar do
meu avô e tentavam enganar ele com a ajuda da minha avó (Maria Clara Tolentino Pereira), e minha mãe, já
com 18 anos, dizia: "não façam isso, não façam isso..."; minha mãe não queria
que dissessem que ele não estava desenganado, mas ele sabia que não tinha cura?.
Na Alemanha, minha avó levou a culpa
Na
Alemanha, uma história pitoresca e engraçada, diz Maria Thereza: "Minha avó e meu avô (Dr. Miguel Pereira) estavam
na Alemanha, eles tinham ido para que ele fosse consultado. Eles estavam no
quarto do hospital e ele estava fumando quando viu o médico surgindo no início
do corredor, só deu tempo dele passar o cigarro para ela. O médico entrou, viu
aquele cigarro na mão dela (não deu tempo dela jogar o cigarro fora) e o médico
alemão lhe passou uma bronca danada: " como a senhora fuma no quarto de um
hospital, com uma pessoa doente do pulmão!?. O alemão não sacou a malícia
brasileira?.