Presentes de grego para os brasileiros
Quando dezembro acabar, teremos um ano de governo Bolsonaro. É possível fazer um balanço do que foi prometido para o país e o que aconteceu de fato.
29/11/2019
Luta sindical
Edição 270
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Quando dezembro acabar, teremos um ano de governo
Bolsonaro. É possível fazer um balanço do que foi prometido para o país e o que
aconteceu de fato. Pegando as medidas adotadas até agora, observamos que
quem prometeu uma nova política, na verdade, deu vários presentes de grego para os brasileiros.
Podemos começar pela vida das pessoas. O presente do
governo foi retirar grande parte dos radares nas estradas federais, o que causou
aumento do número de mortes nas rodovias. Além disso, encaminhou um projeto
acabando com as multas para quem deixar de transportar crianças em cadeirinhas
infantis; isso gerou protestos de especialistas em segurança e da sociedade.
A reforma da Previdência foi apresentada como o grande
mecanismo de geração de empregos, porém seguimos com mais de 12,5 milhões de
desempregados.
O passo seguinte, que não mostram, mas virá em outro
projeto, é implantar o sistema de capitalização (o mesmo do Chile, que viveu
grandes protestos, sendo o baixo valor das aposentadorias um dos motivos). O
pior é que, na essência, com o novo modelo, as pessoas trabalharão mais para se
aposentar e ganharão menos.
Alta do dólar
Quem acha que a alta do dólar não tem nada a ver com a
gente, precisa refletir. O governo não tem nenhuma política para proteger nossa
economia dessas oscilações da moeda americana. Disseram (em março) que a
reforma da Previdência faria o dólar ficar em R$ 3,40, mas hoje ele passa dos
R$ 4,20.
O ministro Paulo Guedes brincou e disse que "deveríamos nos acostumar" e que ele
"não estava preocupado com isso".
Trata-se de um banqueiro que não está nem aí para os reflexos negativos na
economia e no comércio.
Perdem as nossas indústrias, que importam peças e matérias-primas
e dependem de itens comprados na moeda americana; isso encarece o custo de
produção e faz o produtor elevar os preços, pressionando a inflação. Perde quem
viaja para o exterior, seja a negócios ou para fazer turismo; tudo fica mais
caro: passagens aéreas, hotéis, compras e a fatura do cartão de crédito. Perdem
as empresas que importam produtos, porque pagarão mais caro por eles, tendo que
repassar ao consumidor. Isso só para citar alguns prejuízos.
Medida Provisória nº 905
A cesta de maldades tem ainda a Medida Provisória nº 905 (MP
905). Criada sob a justificativa de facilitar a contratação de jovens entre 18
e 29 anos, na verdade ataca mais direitos trabalhistas.
Entre tantos absurdos, ela permite pagamento parcelado do
13º e das férias proporcionais; reduz a multa do FGTS de 40% para 20%; cria uma
contribuição previdenciária para quem recebe seguro-desemprego (um crime contra
quem já foi penalizado) e acaba com a obrigatoriedade do registro profissional
para várias categorias importantes.
Vamos ter que nos mobilizar para evitar novos retrocessos
e evitar um fim de ano com presentes indesejáveis.