Marquês, 1º Visconde com grandeza e 1ª Conde de Baependi - Manoel Jacinto Nogueira da Gama
O marquês de Baependi faleceu no Rio de Janeiro em 15 de fevereiro de 1847, aos 81 anos, e a marquesa em 11 de maio de 1869 na Fazenda Santa Mônica, nas proximidades do logradouro de Desengano (hoje Barão de Juparanã, distrito do município de Valença)
17/01/2020
Historiador Sebastião Deister
Edição 277
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Manoel Jacinto
nasceu em São João d'El Rey (MG) em 8 de setembro de 1765, sendo filho do
Alferes Nicolau Antônio Nogueira e de D. Ana Joaquina de Almeida e Gama (ou
Anna Josepha de Almeida Gama, segundo registros de Silva Leme). Diplomando-se
como doutor em matemática e filosofia pela Universidade de Coimbra e Lente da
Real Academia da Marinha de Lisboa (entre 1791 e 1801), tornou-se Inspetor das
Nitreiras e Fábricas de Pólvora em Minas Gerais e Marechal de Campo e
Conselheiro de Estado em 1823. Elegeu-se Deputado pela Província do Rio de
Janeiro para a Assembleia Constituinte de 1823, sendo um dos primeiros
signatários da Constituição promulgada naquele ano. Político respeitado, veio a
ser também Presidente do Senado e Senador por Minas Gerais em 1826, Ministro da
Fazenda no Gabinete de 10 de julho a 10 de novembro de 1823, no 5º Gabinete de
21 de janeiro de 1826 a
15 de janeiro de 1827 e no 10º Gabinete de 5 a 7 de abril de 1831, o último do Primeiro
Reinado. Ostentava as insígnias de Grande do Império, Grande do Conselho de Sua
Majestade, Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial, Dignatário da 1ª Ordem do
Cruzeiro, Grão-Cruz da 1ª Ordem da Rosa e Comendador da 1ª Ordem de São Bento
de Aviz. Foi ainda membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; da
Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro; da Sociedade Literária de
Amantes da Instrução; da Promotora da Instrução de Vassouras; da Sociedade de
Agricultura, Comércio e Indústria da Bahia; da Sociedade Universal de
Estatística de França; da Academia Francesa de Indústria Agrícola,
Manufatureira e Comercial; da Academia Real de Ciências de Lisboa e da
Sociedade Literária Tibuciana.
Manuel
foi titulado 1º visconde em 12 de outubro de 1824, 1º conde em 2 de dezembro de
1825 e marquês em 12 de outubro de 1826, com seu título toponímico referindo-se
à cidade mineira do mesmo nome.
Casou-se
em 5 de agosto de 1809 com Francisca Mônica Carneiro da Costa e Gama, nascida
em 4 de maio de 1795 e falecida em 11 de maio de 1869, filha de Braz Carneiro
Leão (possivelmente um dos homens mais ricos do Brasil àquela época) e de D.
Ana Francisca Rosa Maciel da Costa, a baronesa de São Salvador de Campos dos
Goitacazes, título que tinha o mérito de ser o primeiro dentro da Nobreza
Brasileira. Em função do casamento, Manoel tornou-se dono de uma vastíssima
extensão de terras no Vale do Paraíba, onde sua Sesmaria, doada diretamente por
D. João VI, possuía cerca de 540 km2 de área, toda ela retalhada e
vendida em fazendas para outros colonizadores, o que lhe rendeu lucros
extraordinários.
O marquês
era pai do 2ª conde de Baependi (Braz Carneiro Nogueira da Costa e Gama); do
barão de Juparanã (Manuel Jacinto Carneiro Nogueira da Costa e Gama) e do barão
de Santa Mônica (Nicolau Carneiro Nogueira da Costa e Gama), este casado com D.
Luiza de Loreto Viana de Lima e Silva, filha do duque de Caxias (Luís Alves de
Lima e Silva). Das filhas, uma - Maria Jacintha Carneiro Nogueira da Costa e
Gama - tornou-se a condessa de Carapebus (casada com o conde Antônio Dias
Coelho Neto dos Reis) e outra a condessa de Tourinho, em Portugal.
Por seu
turno, um sobrinho do marquês, chamado Nicolau Antônio Nogueira Vale da Gama
(nascido em Minas Gerais em 13 de setembro de 1802 e falecido na cidade de
Nazaré (BA) em 18 de outubro de 1897), foi titulado como visconde de Nogueira
da Gama, com Grandeza, tornando-se Mordomo do Imperador. Era filho do Coronel
José Inácio da Costa Nogueira da Gama e de D. Francisca Vale de Abreu e Melo
(que depois de viúva se viu alçada à nobre condição de viscondessa de São
Mateus) e marido de D. Maria Francisca Calmon da Silva Cabral.
O marquês
de Baependi faleceu no Rio de Janeiro em 15 de fevereiro de 1847, aos 81 anos,
e a marquesa em 11 de maio de 1869 na Fazenda Santa Mônica, nas proximidades do
logradouro de Desengano (hoje Barão de Juparanã, distrito do município de
Valença), propriedade do filho Nicolau, local onde também faleceu o Duque de
Caxias em 7 de maio de 1880. O casal foi sepultado nos jazigos da Ordem
Terceira de São Francisco de Paula, no Rio.
BRASÃO DE
ARMAS: Escudo partido em pala. Na primeira, as Armas dos Nogueira em campo de
ouro com uma banda xadrezada de prata e sinople de cinco peças em faixa, com a
ordem do meio toda coberta de uma cotica de goles; na segunda, as Armas dos
Gama, dos que descendem de D. Vasco da Gama, que são: o escudo xadrezado de
ouro e sete em vermelho, de três peças em faixa e cinco em pala, oito de ouro
em sete em vermelho, estas carregadas de duas faixas de prata, e no meio das
Armas um escudete com as quinas de Portugal.
TIMBRE:
meio naire, vestido ao Mundo da Índia com urna trunfa que lhe cai pelas costas;
braços nus e na mão direita um escudo das Armas dos Gama, e na esquerda um ramo
de canela verde, com rosas de ouro.
COROA: a
de conde.