Marquês (e Barão com Grandeza) de São João Marcos Pedro Dias Paes Leme
Veio a ser uma das figuras mais ricas, conhecidas e respeitadas no Brasil ao longo do século XIX, nas Freguesias de Sacra Família do Tinguá, Vassouras e Paraíba do Sul, Rio Claro
24/01/2020
Historiador Sebastião Deister
Edição 278
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Nascido no Rio de
Janeiro em 1768 (ou em Portugal, segundo alguns autores, em 1772), era filho de
Fernando Dias Paes Leme (Fidalgo da Casa Imperial, Alcaide-Mor da Bahia,
Comendador da Ordem de Cristo e Guarda-Mor das Minas) e de D. Francisca
Peregrina de Souza e Mello Cerqueira Corrêa, de origem portuguesa. Pedro Dias
vinha a ser bisneto de Garcia Rodrigues Paes, o destemido bandeirante que abriu
o Caminho Novo de Minas ligando Vila Rica ao Rio de Janeiro.
Pedro Dias Paes
Leme, o primeiro filho do casal Fernando/Francisca, veio a ser uma das figuras
mais ricas, conhecidas e respeitadas no Brasil ao longo do século XIX, em
especial na área do Sul Fluminense circunscrita pelas Freguesias de Sacra
Família do Tinguá, Vassouras e Paraíba do Sul, estendendo ainda sua influência
para a atual região do Município de Rio Claro.
Titulado marquês
de São João Marcos, foi também agraciado com as honrarias de Gentil-Homem da
Imperial Câmara Brasileira, Reposteiro-Mor do Império, Grande do Império, Chefe
da 4ª Guarda Geral das Minas, 3º Senhor do Morgado de Belém e 4º Senhor da Vila
de São João Marcos. Ostentava também as Comendas de Grande do Império por
Portugal e Cavaleiro da Real Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila
Viçosa, de Portugal.
O Morgado de Pedro
Dias Paes Leme englobava uma vastíssima sesmaria que possuía duas léguas e meia
de testada por duas de fundo, alcançando a atual área de Sacra Família do
Tinguá, descendo para a baixada que compreende o atual distrito miguelense de
Conrado e o logradouro vizinho de Paes Leme, atravessando terras de Japeri e
Paracambi para atingir o Município de Rio Claro, em cujo território nasceu o
belo distrito de São João Marcos, onde estava mergulhado nas águas da represa
da Light, hoje ressurgiu com a baixa das águas da represa e constitui um sítio
arqueológico de enorme importância histórica, restaurado pela Light.
Como se pode
depreender, Pedro Dias Paes Leme exerceu um papel preponderante na colonização
de quase toda a baixada hoje pertencente a Miguel Pereira, tanto que, em finais
do século passado, uma parada da ferrovia foi denominada Paes Leme em homenagem
à família. Por outro lado, a estação ferroviária e a cidade que conhecemos como
Japeri nasceram nas terras formadoras de sua famosa e rica fazenda chamada
Belém.
O marquês,
entretanto, não limitava sua vida apenas às atividades de administração de suas
propriedades, aqui se considerando ainda as terras herdadas em Paraíba do Sul.
Sendo um Gentil-Homem do Império, participou com desenvoltura dos movimentos
políticos que agitavam os últimos anos do 1º Reinado, convivendo assim com as
figuras políticas mais expressivas da época.
O marquês casou-se
pela primeira vez com D. Rita Ricardina de Souza Coutinho da Cunha Porto, tendo
com elas os seguintes filhos:
1. FERNANDO DIAS
PAES
Nascido em 17 de
dezembro de 1811, no Rio de Janeiro.
2. IGNÁCIO DIAS
PAES LEME
Nascido em 26 de
janeiro de 1816, no Rio de Janeiro.
3. BALBINA PAES
LEME
Nascida no Rio de
Janeiro.
4. ANA RICARDINA
PAES LEME
Nascida no Rio de
Janeiro, faleceu em 1895 sem deixar filhos.
Enviuvando, o
marquês esposou a cunhada Mariana Carolina de Souza Coutinho da Cunha Porto,
Dama Honorária da Imperatriz. Ela e a falecida irmã eram filhas de José Alves
da Cunha Porto e de D. Mariana Perpétua de Azevedo Coutinho, todos naturais de
Minas Gerais. Com a segunda esposa, Pedro gerou mais 6 filhos, a saber:
5. RITA RICARDINA
PAES LEME
Nascida no Rio de
Janeiro em data ignorada.
6. DR. PEDRO DIAS
PAES LEME
Nascido em 13 de
junho de 1822 na cidade do Rio de Janeiro.
7. DR. FRANCISCO
DE ASSIS PAES LEME
Nascido no Rio de
Janeiro, formou-se em Medicina, falecendo solteiro e sem geração.
8. DR. PEDRO LEME
BETIM
Nasceu no Rio de
Janeiro. Também médico, morreu solteiro e sem filhos.
9. DR. ANTÔNIO
DIAS PAES LEME
Nascido no Rio de Janeiro. Bacharel em
Direito.
10. DR. LUIZ LEME
BETIM
Nascido no Rio de
Janeiro.
Digno de registro
é o fato de que o sobrenome Leme, por várias gerações, somente sobreviveu entre
as mulheres da família. No século XVIII, seu uso foi restabelecido pelos
homens, sempre antecedido pelo Dias Paes (das estirpes mais antigas) ou então
simplesmente Paes (de uso bem mais recente), razão pela qual o célebre Fernão
Dias Paes e o filho Garcia jamais assinavam Leme, muito embora, na lápide de
Fernão, em São Paulo, tenha sido gravado esse famoso sobrenome.
O Marquês faleceu
no Rio de Janeiro aos 100 anos, no dia 15 de dezembro de 1868.
BRASÃO DE ARMAS:
Em campo de ouro cinco melros negros, sem pés nem bicos, postos em sautor (vide
imagem).
TIMBRE: uma aspa
de ouro e no meio um melro do escudo, com Carta de Brasão passada por Alvará de
1471 para a estirpe Leme e confirmada em 20 de dezembro de 1750.