2º Conde (2ª Visconde) de Baependi
O conde de Baependi possuía doze léguas quadradas de terras concedidas pelo Império, ou seja, nada menos do que 10.800 alqueires geométricos ou cerca de 540 quilômetros quadrados e apaixonado por Valença
31/01/2020
Historiador Sebastião Deister
Edição 279
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Braz
Carneiro nasceu no Rio de Janeiro em 22 de maio de 1812, falecendo nessa mesma
cidade em 12 de maio de 1887, sendo filho do marquês de Baependi (Manoel
Jacinto Nogueira da Gama) e de D. Francisca Mônica Carneiro da Costa e Gama.
Elegeu-se Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro de 1850 a 1864 e de 1869 a 1872, tendo ainda
presidido a Câmara Municipal de Valença em várias legislaturas. Eleito Senador pelo Rio de Janeiro, foi
indicado em 15 de maio de 1872 para presidir o Senado nas sessões de 1885 e
1886. Em função de sua habilidade política, também viu-se escolhido para
presidir a Província de Pernambuco de 23 de agosto de 1868 a 11 de abril de
1869. Dono de imenso prestígio no Segundo Reinado, recebeu as condecorações de
Gentil-Homem da Câmara Imperial e Grande do Império, Comendador da Ordem de
Cristo e Grande Dignatário da Ordem da Rosa. Braz foi agraciado com o título de
2º visconde de Baependi com Grandeza por Decreto de 12 de outubro de 1828 e de
2º conde por Decreto de 2 de dezembro de 1858.
Valença
O conde
de Baependi possuía doze léguas quadradas de terras concedidas pelo Império, ou
seja, nada menos do que 10.800 alqueires geométricos ou cerca de 540
quilômetros quadrados. Apaixonado por Valença, ali desenvolveu diversas
atividades sociais, razão pela qual seu nome foi aposto em uma de suas
principais praças, hoje desaparecida em função da construção de uma fábrica de
tecidos no local e da abertura de ruas para melhor urbanização da cidade.
Braz
casou-se em 22 de outubro de 1824 com sua prima Rosa Mônica Nogueira Vale da
Gama, Dama Honorária de sua Majestade a Imperatriz, nascida em 23 de outubro de
1820 em Minas Gerais, filha do Coronel José Ignácio Nogueira da Gama, irmão do
marquês de Baependi, e de sua esposa Francisca Maria Vale de Abreu e Mello,
baronesa de São Mateus.
Importante
registrar aqui algumas discrepâncias de datas. Em primeiro lugar, se Braz
Carneiro nasceu em 1812, por certo não poderia se casar em 1824, ao contar
apenas 12 anos. Por outro lado, os documentos de época dão 1820 como ano de
nascimento de sua esposa Rosa Mônica. Em sendo real tal data, seria impossível ela
se casar em 1824, ou seja, com apenas 4 anos de idade. Segundo vários
genealogistas, acredita-se que o enlace tenha ocorrido em 1834, quando Braz
estava com 22 anos e Rosa com 14, o que seria razoável, já que na época as
mulheres costumavam se casar bem cedo.
Prolífico
escritor, deixou algumas obras interessantes, entre as quais Notícias
dos Senadores do Império do Brasil desde 1826 (em 1886); Relatório
dos Trabalhos do Conselho da Sociedade Defensora da Liberdade e da
Independência Nacional da Vila de Valença Desde Sua Instalação Pública em 17 de
novembro de 1831 até 15 de agosto de 1832 (em 1832) e Discurso
Pronunciado na Sessão de 8 de julho de 1869 em Resposta ao que o Marquês de
Olinda Pronunciou no Senado na Sessão de 22 de Junho, por Ocasião de Discutir-se
a Eleição para Senadores de Pernambuco (em 1869).
O conde
faleceu em 12 de maio de 1887 e a baronesa em 7 de outubro de 1904. Ambos foram
sepultados no cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi.
BRASÃO DE ARMAS: Idêntico ao do pai, o marquês de Baependi, ou
seja, escudo partido em pala. Na primeira, as Armas da estirpe Nogueira em
campo de ouro com uma banda xadrezada de prata e sinople de cinco peças em
faixa, com a ordem do meio toda coberta de uma cotica de goles; na segunda, as
Armas dos Gama, dos que descendem de D. Vasco da Gama, que são: o escudo
xadrezado de ouro e sete em vermelho, de três peças em faixa e cinco em pala,
oito de ouro em sete em vermelho, estas carregadas de duas faixas de prata, e
no meio das Armas um escudete com as quinas de Portugal.
TIMBRE: meio naire, vestido ao Mundo da Índia com urna
trunfa que lhe cai pelas costas; braços nus e na mão direita um escudo das
Armas dos Gama, e na esquerda um ramo de canela verde, com rosas de ouro.
COROA: a de conde.
O conde
gerou a seguinte prole:
1. FRANCISCA
JACINTA NOGUEIRA DA GAMA - Nascida em 12 de setembro de 1835 e titulada
condessa de Carapebus após a morte de seu marido Antônio Dias Coelho Netto, o
2ª barão e visconde de Carapebus, com quem se casara em 1 de agosto de 1854.
Francisca chegou a ser Dama Efetiva de Sua Majestade, a Imperatriz Leopoldina,
tendo sido também condecorada com a Banda de Santa Isabel de Portugal.
2. DR. MANOEL JACINTO CARNEIRO
NOGUEIRA DA GAMA -
Nascido em 8 de maio de 1837. Juiz e Deputado, viu-se agraciado com a Comenda
de Moço Fidalgo do Império. Em 23 de outubro de 1860 casou-se com sua prima Ana
Neto dos Reis, nascida em 31 de janeiro de 1843 em Campos, na Província do Rio
de Janeiro, filha dos barões de Carapebus. O casal teve 8 filhos.
3. JOSÉ INÁCIO NOGUEIRA DA GAMA - Nascido em 25 de janeiro de 1840 em Valença e
falecido no Rio de Janeiro em 12 de março do mesmo ano.
4. ROSA MÔNICA CARNEIRO NOGUEIRA
DA GAMA - Nascida em 16 de janeiro de
1843 no Rio de Janeiro. Em 22 de maio de 1862 casou-se com seu primo, o Dr.
José Calmon Nogueira Vale da Gama, nascido em 22 de agosto de 1889 no Rio de
Janeiro, filho do visconde Nogueira da Gama.
5. BRAZ CARNEIRO NOGUEIRA DA GAMA - Nascido em 24 de março de 1846 no Rio de
Janeiro. Era engenheiro, Deputado e Senador, além de Moço Fidalgo da Casa
Imperial. No dia 8 de janeiro de 1870 casou-se com sua prima Luiza Henriqueta
Viana, nascida em 22 de outubro de 1852, filha do Coronel Braz Fernandes Carneiro
Viana (irmão do duque de Caxias) e de D. Maria da Glória Arruda.
6. NICOLAU NOGUEIRA DA GAMA - Nascido em Valença em 29 de março de 1848,
cidade em que faleceu no dia 8 de maio do mesmo ano.
7. MARIA JOSÉ NOGUEIRA DA GAMA - Nascida em 25 de janeiro de 1849 no Rio de
Janeiro e falecida em 29 de agosto do mesmo ano na cidade de Valença.
8. GUILHERMINA ROSA NOGUEIRA DA
GAMA - Nascida em 9 de fevereiro de
1852 no Rio de Janeiro. Casou-se no dia 29 de setembro de 1882 com o Dr. Oscar
Nerval, gerando com ele apenas uma filha: Maria José.