A cidade que plantou 2 milhões de árvores de Mata Atlântica
Integrante do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, projeto da cidade mineira de Extrema já resultou em dois milhões de árvores nativas plantadas
07/02/2020
Planeta Colabora
Edição 280
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Foto 1 - Viveiro de mudas do projeto Conservador das Águas: 240
contratos com produtores rurais para recuperar áreas degradadas. (Foto: Mirian
Fichtner)
Com o pioneiro Projeto Conservador das Águas, o município de Extrema, no
sul de Minas Gerais, se tornou uma das principais referências nacionais em
ações de restauração florestal. Em 15 anos dessa experiência, cerca de 240
contratos foram assinados com proprietários rurais que aceitaram o desafio de
recuperar suas áreas degradadas e manter as que ainda estão conservadas. Essa
mobilização tem sido fundamental para a manutenção dos mananciais de água
locais a partir da proteção das nascentes, matas ciliares e outras Áreas de
Proteção Permanentes (APPs). Desde então, foram destinados R$ 5 milhões para
projetos de adequação ambiental que resultaram em dois milhões de árvores
nativas de Mata Atlântica, plantadas em uma área de 7 mil hectares que abrange
importantes bacias hidrográficas.
"Já recebemos vários prêmios pelos êxitos dessa iniciativa e a
experiência acumulada tem contribuído para a sua melhora contínua" - Paulo Henrique Pereira, secretário
municipal de Meio Ambiente de Extrema (MG)
Com o Projeto Conservador das Águas, a cidade mineira foi pioneira no
país a adotar o sistema de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Por esse
tipo de incentivo econômico é possível remunerar os proprietários rurais que, a
partir das suas áreas florestais, contribuem para o equilíbrio climático e a
proteção da biodiversidade, do solo e dos recursos hídricos, entre outros
benefícios ambientais fundamentais ao bem-estar humano e ao desenvolvimento de
atividades socioeconômicas. A cidade tem pelo menos 500 nascentes protegidas
como resultado dessa iniciativa. O projeto de Extrema é um dos 300 integrantes
do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, coalizão para a restauração do
bioma.
Mas o secretário municipal de Meio Ambiente Paulo Henrique Pereira
explica que a proposta desse programa vai além da recuperação da vegetação
nativa e envolve também boas práticas agrícolas e de saneamento nas áreas
rurais atendidas. Esses três pilares de sustentabilidade, segundo o gestor, têm
contribuído para os resultados positivos alcançados e, principalmente, para
ilustrar a necessidade de um olhar mais amplo destinado aos desafios
ecológicos, sobretudo em cenários de agravamento das mudanças climáticas. "Já
recebemos vários prêmios pelos êxitos dessa iniciativa e a experiência
acumulada tem contribuído para a sua melhora contínua", observa.
Foto 2 - Secretário de Meio Ambiente de Extrema Paulo Henrique Pereira:
pilares de projeto são recuperação da vegetação nativa, boas práticas agrícolas
e de saneamento nas áreas rurais. (Foto: Mirian Fichtner)
Pereira acrescenta que as interfaces entre as ações de proteção da
biodiversidade para a manutenção das fontes de água e o equilíbrio climático já
são bem compreendidas em nível local. Esse entendimento foi fundamental para
que o município pudesse avançar em novas frentes de mobilização visando a adaptação
aos efeitos das mudanças climáticas. Com esse objetivo, o secretário explica
que foi lançado o Programa Extrema no Clima. Assim, a cidade saiu na frente
também ao instituir, em 2018, a Política Municipal de Mudanças Climáticas pela
Lei 3.829, a primeira no Brasil a atrelar a neutralização de emissões de
carbono e outros gases de efeito estufa aos processos de licenciamento
ambiental de seus empreendimentos. A iniciativa pretende ampliar o envolvimento
das empresas nesse desafio para o qual o Programa Produtor de Águas deve
contribuir já que investimentos em restauração florestal virão por medida de
compensação de emissões empresariais.
Ainda segundo o secretário, essas ações propostas estão alinhadas aos
objetivos da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Como parte
dessa motivação, até 2030, todo o município deverá ter atingido a adequação
florestal em suas áreas prioritárias, o que implica no desafio de restaurar
mais 1.500 hectares (cerca de 150 hectares por ano), além de reduzir,
anualmente, 10% das suas emissões. Atualmente, 80 empreendimentos já aderiram à
iniciativa que, entre outros compromissos, envolve a realização de inventários
de emissões a fim de orientar as ações corporativas para reduzi-las.