Visconde (e Barão) da Paraíba - João Gomes Ribeiro de Avelar
Foi agraciado com o título de barão com honras de grandeza pelo decreto de 11.10.1848 e elevado a visconde em 4 de março de 1876. Era um título de origem toponímica, tomado do município de Paraíba do Sul, onde possuía ricas propriedades
13/03/2020
Historiador Sebastião Deister
Edição 285
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Foi
agraciado com o título de barão com honras de grandeza pelo decreto de 11 de
outubro de 1848 e elevado a visconde em 4 de março de 1876. Era um título de
origem toponímica, tomado do município de Paraíba do Sul, onde a família
possuía ricas propriedades, entre elas a fazenda Boa Vista, surgida da união
das sesmarias Cachoeira da Boa Vista e Surubiquara.
Para registro histórico,
torna-se interessante registrar que o Capitão Manuel Joaquim de Azevedo, grande
latifundiário na área de Paraíba, comprou a sesmaria da Cachoeira da Boa Vista
pelo preço de Rs. 800$000 (oitocentos mil réis) ao então proprietário Manoel
José da Silva Macedo (que a recebera por doação régia em 7 de junho de 1811), incluindo-se
ali todas as estruturas implementadas pelo ex-dono, inclusive os equipamentos
de um grande engenho de açúcar, cujo produto enviava para o porto da Estrela,
dali exportando-o para a Europa. Já em 26 de setembro de 1819, o capitão
adquiriu do mesmo Manoel José da Silva Macedo, por Rs. 450$000 (quatrocentos e
cinquenta mil réis), a sesmaria de Surubiquara, nela permanecendo a casa
grande, os monjolos, os pés de café e diversos outras benfeitorias.
O capitão - que acabaria
sendo sogro do visconde da Paraíba - transformou as duas fazendas em uma única
propriedade, nela ampliando o grande engenho de açúcar (produto que antecedeu a
famosa e extensa plantação de café no vale) lá cultivando grandes extensões de
cana. Após sua morte e da esposa Rosa Luísa, a Boa Vista foi herdada por sua
única filha Carolina Rosa de Azevedo e pelo marido João Gomes Ribeiro de
Avelar, que a transformaram então em uma notável produtora de café. A sede da
Boavista
foi construída em 1834 logo recebendo sucessivos melhoramentos. A esposa não
alcançou a titulação de viscondessa pelo fato de ter falecido antes de tal
outorga ao marido.
Filho de Luís Gomes
Ribeiro de Avelar e de D. Joaquina Mathilde de Assunção, João casou-se em 15 de
novembro de 1831 com Carolina Rosa, filha do já mencionado comendador e capitão
Manuel Joaquim de Azevedo. O casal trouxe ao mundo cinco filhos, batizados como
Rosa (casada com Francisco Quirino da Rocha Werneck, da fazenda Glória do Mundo
localizada no distrito de Werneck); Joaquim (que herdou a sede da fazenda Boa
Vista e a vendeu ao Governo Imperial, falecido solteiro); João (homônimo do
pai, casado com Emerenciana Calvet e dono da fazenda Guaribu, em Avelar); Carolina
(casada com o primo-irmão tenente-coronel do Exército Luís Carlos Maximiano e
Silva) e Luís (formado em medicina e casado com Rosa de Castilho, filha do
barão de São Roque).
O visconde era irmão da
baronesa de Paty do Alferes (Maria Isabel Assunção de Avelar Peixoto de Lacerda
Werneck); do barão de São Luiz (Paulo Gomes Ribeiro de Avelar); do barão do
Guaribu (Cláudio Gomes Ribeiro de Avelar) e sobrinho do 1º barão de Capivary
(Joaquim Ribeiro de Avelar), todos ligados à fazenda Pau Grande, em Avelar.
Em 1860, o visconde
construiu um palacete na vila de Paraíba de Sul, cujos salões acabaram servindo
como palco para várias reuniões políticas ao longo do Segundo Império,
envolvendo, em especial, personagens importantes ligados ao partido liberal,
segmento político preferido da família Ribeiro de Avelar em oposição ao partido
conservador chefiado por Hilário Joaquim de Andrade, o barão de Piabanha.
Político experiente e
homem de bom trato, João exerceu a presidência da câmara municipal de Paraíba
do Sul, cargo equivalente ao de prefeito da época, tornando-se ainda coronel-chefe
da 8ª Legião da Guarda Nacional de Paraíba do Sul e Petrópolis através de
nomeação expedida em 30 de outubro de 1841. Por duas vezes foi vice-presidente da
Província do Rio Janeiro, designado em 10 de agosto de 1848 e em 01 de junho de
1864, ocupando também o cargo de deputado provincial na primeira legislatura no
ano de 1835. Fundador do Clube da Lavoura do Rio de Janeiro, possuía as ordens
de grande do império, dignatário da imperial ordem da rosa e comendador da ordem
de Cristo.
Segundo o historiador
paraibano Pedro Gomes da Silva, o visconde tinha em sua fazenda centenas de
escravos que eram tratados com benevolência e higiene. Também prestigiou bastante
a construção da Estrada de Ferro D. Pedro II, razão pela qual a estação
construída defronte de sua fazenda recebeu o nome de Estação Avelar,
denominação hoje indevidamente substituída por Vieira Cortês.
O visconde morreu em
Paraíba do Sul em 12 de janeiro de 1879.
BRASÃO DE ARMAS: Escudo esquartelado: no primeiro e
quarto, de verde, um leopardo de ouro passante e um chefe de ouro com três
estrelas de goles; no segundo e terceiro, de ouro, três faixas de azul
carregadas de três besantesde prata cada uma, e no centro um escudete tendo em
campo de prata um ramo de cafeeiro e uma cana de açúcar ao natural, postos em
aspa. Brasão passado em 30 de dezembro de 1858, registrado no Cartório da
Nobreza, Livro VI, fls. 39.