Visconde e Barão de Piabanha - Hilário Joaquim De Andrade
Hilário exerceu as funções de Presidente¹ da Câmara Municipal de Paraíba do Sul, ocupando ainda o cargo de Presidente do Partido Conservador
24/04/2020
Historiador Sebastião Deister
Edição 291
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Titulado
em 2 de dezembro de 1854, Hilário Joaquim de Andrade nasceu em Paraíba do Sul,
na antiga Província do Rio de Janeiro, em 13 de janeiro de 1796 e faleceu em 17
de abril de 1865 na Fazenda da Serraria, de sua propriedade, localizada nas
atuais terras do município de Levy Gasparian, sendo filho do capitão-mor
Cristóvão (ou Christóvam) Rodrigues de Andrade, natural da freguesia de Cota
Viseu, Portugal, e de Ana Esméria de Pontes França, natural da Freguesia de
Paty do Alferes de Serra Acima.
Durante o
ano de 1824, Hilário exerceu as funções de Presidente¹ da Câmara Municipal de
Paraíba do Sul, ocupando ainda o cargo de Presidente do Partido Conservador que
mantinha sérias divergências com o Partido Liberal comandado pelo visconde da
Paraíba (João Gomes Ribeiro de Avelar). De fato, os dois homens possuíam forte
personalidade e imenso prestígio em Paraíba do Sul. De viés conservador e comandante
desse partido na cidade, Hilário cultivava ideias e convicções políticas
frontalmente contrárias ao liberalismo do visconde da Paraíba, mas tais
divergências não impediram que ambos promovessem grandes melhorias no lugar.
Anteriormente,
Hilário ocupara o ambicionado cargo de Coronel da Guarda de Honra de Sua
Majestade D. Pedro I. Além de se eleger como deputado à Assembleia Provincial
do Rio de Janeiro, presidiu a Comissão Sanitária de 1855, quando prestou
serviços de enorme relevância durante o violento surto de cólera que se abateu
na região naquele ano, chegando a montar em sua fazenda, por sua conta e risco,
um hospital especializado para atendimento dos doentes afetados pelo mal. Por
conta de seus trabalhos humanitários, recebeu do Império as honras de
Dignatário da Imperial Ordem da Rosa e Comendador da Imperial Ordem de Cristo.
Hilário -
casado com Matilda Rosa da Veiga - foi um notável senhor de fazenda e terras e
grande exemplo de cafeicultor na zona periférica às terras de Entre-Rios (hoje Três
Rios), destacando-se ainda como produtor de açúcar e de madeiras beneficiadas,
estas aparelhadas em sua propriedade de mil alqueires, daí a designação de
Fazenda da Serraria. Em 1860 - quando proliferavam as melhores safras de café
pelo Vale do Paraíba - o precioso grão já configurava uma das mais lucrativas
lavouras em suas vastas propriedades. Para que se tenha uma ideia mais precisa
a respeito da riqueza e da extensão de suas terras, basta dizer que, nos meses
finais daquele ano auspicioso, o visconde administrava em sua fazenda um total
de 340.000 pés
de café, todos em franca produção e prontos para envio às casas de
comercialização do Rio de Janeiro.
Na
Fazenda da Serraria destacou-se bastante a senhora Ana Esméria de Pontes
França, mãe do visconde e de Eufrásia Joaquina do Sacramento. Esta iria
casar-se com Laureano Corrêa e Castro que, ao se mudar para Vassouras, iria se destacar
na cafeicultura e como senhor da famosa fazenda do Secretário. Laureano,
posteriormente, ver-se-ia agraciado, em 2 de dezembro de 1854, com o título de barão
de Campo Belo.
Graças a
um forte entrelaçamento familiar determinado pelas atividades agrícolas em
Vassouras, uma das filhas de Laureano, batizada como Ana Esméria Corrêa e
Castro (certamente como homenagem à avó) viria a ser esposa de Joaquim José Teixeira
Leite, filho dos barões de Itambé e irmão do barão de Vassouras (Francisco José
Teixeira Leite). Da união de Laureano com Ana Esméria nasceriam duas meninas:
Francisca Bernardina Teixeira Leite e Eufrásia Teixeira Leite. Por conseguinte,
Ana Esméria de Pontes França e o capitão Cristóvão Rodrigues de Andrade, pais
do visconde de Piabanha, detinham a condição de bisavós de Eufrásia, a
conhecida dama da sociedade vassourense.
Em face
de tantas ligações, o visconde de Piabanha tornou-se cunhado do barão de Campo
Belo e concunhado de Pedro Corrêa e Castro, (o 1° barão de Tinguá), irmão de
Laureano.
Sobre a
personalidade e os feitos do visconde de Piabanha, a História Geral dos Homens
Vivos e dos Homens Mortos do século XIX - editada em Genebra - publicou um longo artigo elogiando suas
qualidades, lembrando que "(...) a Fazenda da Serraria, de sua
propriedade, era um verdadeiro templo de hospitalidade: Saint-Hilaire, Selleau
e Castelnau, além de outros eminentes naturalistas que por lá passaram, o
atestam em suas obras (...")