Setembro antigo em Paty do Alferes & Vassouras
O mês de setembro envolve uma configuração histórica muito interessante com Paty do Alferes. Datas importantes marcaram a trajetória da antiga Vila de Nossa Senhora da Conceição de Serra Acima da Roça do Paty do Alferes.
28/08/2020
Historiador Sebastião Deister
Edição 307
Compartilhe:
O mês de
setembro envolve uma configuração histórica muito interessante com Paty do
Alferes. Datas importantes marcaram a trajetória da antiga Vila de Nossa
Senhora da Conceição de Serra Acima da Roça do Paty do Alferes, entre
elas dois acontecimentos relevantes que não podem ser esquecidos e que precisam
ser sempre trazidos à luz: a criação da Vila de Paty do Alferes por D.
João VI (em 4 de setembro de 1820) e o enforcamento do negro Manoel Congo (em 6
de setembro de 1839).
No bojo de um notável conjunto de
coincidências históricas e cronológicas, consideramos válido registrar as
seguintes efemérides:
26 de setembro de 1769: Inácio de Souza Werneck, o patriarca da Fazenda
de Nossa Senhora da Piedade de Vera Cruz, casa-se no Rio de Janeiro com
Francisca das Chagas Monteiro.
6 de setembro de 1780: Nasce em Minas Gerais Francisco José Teixeira, o
futuro barão de Itambé, pai do barão de Vassouras e avô de Eufrásia Teixeira
Leite.
4 de setembro de 1804: Francisca (ou Maria) Elisa (ou Elísia) Xavier
casa-se com o capitão Manoel Francisco Xavier, proprietário das fazendas
Freguesia, Santa Teresa e Maravilha, dono e algoz de Manoel Congo.
14 de setembro de 1817: O já então padre Inácio de Souza Werneck realiza
o batizado de uma bisneta na Fazenda da Piedade de Vera Cruz.
4 de setembro de 1820: O Regente D. João VI assina o Alvará Real criando
a Vila de Paty do Alferes, com o novo título substituindo a primeva denominação
de Freguesia.
5 de setembro de 1820: É instalada a 1ª Câmara de Paty do Alferes, com a
posse de seus primeiros vereadores.
6 de setembro de 1839: Manoel Congo é enforcado em Vassouras em função
de ter liderado uma revolta e ter libertado mais de 300 escravos.
29 de setembro de 1857: a Vila de Vassouras é elevada à categoria de
cidade.
6 de setembro de 1864: Morre, em Vassouras, Francisca Bernardina do
Sacramento Leite Ribeiro, a baronesa de Itambé, avó de Eufrásia Teixeira Leite.
25 de setembro de 1903: o Coronel Joaquim Ribeiro de Avelar vende a
Fazenda de Nossa Senhora da Piedade de Vera Cruz a Francisco Santoro.
7 de setembro de 1913: é inaugurado o primeiro sistema público de luz
elétrica em Vassouras.
6 de setembro de 1987: realiza-se em Paty do Alferes o plebiscito que
iria determinar sua emancipação político-administrativa de Vassouras.
2 de setembro de 1971: é oficializado, pelo presidente Emílio Garrastazu
Médici, o Hino Nacional como um dos símbolos pátrios, cuja letra é de autoria
de Joaquim Osório Duque Estrada, nascido em Paty do Alferes em 28 de abril de
1870.
Reprodução do alvará de criação
da Vila de Paty do Alferes
assinado pelo regente D. João VI
(Com manutenção da grafia
da época)
"Eu, El-Rey, faço saber aos que este Alvará com
Força de Lei virem, que aos quatro dias do mês de setembro do ano do nascimento
de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e oitocentos e vinte, hei por bem criar no
sobredito lugar PATY, uma Vila com a denominação de VILA DE PATY DO ALFERES,
que terá por termo todo o território entre as Vilas de São João do Príncipe e
de São Pedro de Cantagalo, limitando-se ao Norte pela Serra da Mantiqueira e
pelo Rio Paraibuna, e ao Sul pelo seguimento da Serra do Mar e cordilheira do
Tangoá, ficando porém excluída do mesmo termo a Freguesia de Nossa Senhora da
Glória de Valença, que já foi servido mandar erigir em Vila."
Ass. D. JOÃO
VI - REI DE PORTUGAL E DO BRASIL
Nomeação dos Primeiros Vereadores de Paty
(Com a grafia de época)
"Anno do
Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e oitocentos e vinte e hum annos
aos quatorze dias do mez de março do dito anno, nesta Villa de Paty do Alferes
e Casa da Câmara della aonde achavão os Juízes Ordinários e Capitão Mór
Francisco Xavier, o Capitão Francisco das Chagas Werneck, os Variadores Antônio
Gomes da Cruz, Manuel João Goulart e Capitão José Lopes de França, o
Procurador, o Alferes José de Souza Vieira, e comparecendo os empregados
públicos mais pessoas da Nobreza e o povo abaixo assignados e sendo lido
Officio do Desembargador Ouvidor Geral e Corregedor desta Comarca Registrada no
Livro a folha tres, prestarão todos os juramentos pondo as mãos nos Santos
Evangelhos na forma seguinte - Juramos veneração e respeito à nossa Religião,
obediência a El-Rey e a observar, guardar e manter perfeitamente Constituição
tal qual se fizerão em Portugal e pelas Cortes - E para constar fiz este Auto
que todos assignarão".
Eu, Antônio Borges de Carvalho, Escrivão que na
falta de Escrivão da Câmara o escrevi e assigno.
Antônio Borges de Carvalho.
O Juiz Ordinário Manoel Francisco Xavier.
O Juiz Ordinário Francisco das Chagas Werneck.
Variador Manoel João Goulart.
Variador Antônio Gomes da Cruz.
Variador José Lopes Pontes.
Procurador José Vieira.
Duas Observações
Importantes:
Em princípios do século XIX, o termo era "VARIADOR
ou "VEADOR" e não "VEREADOR". A citação de Vassouras em algumas datas prende-se
ao fato de que, à época, Paty era parte integrante daquele município.