Visconde e 2º Barão de Ubá com honras de Grandeza
Joaquim Ribeiro de Avelar Filho libertou, antes de 13 de maio de 1888, todos os escravos de suas fazendas. Abastado capitalista e respeitado fazendeiro, administrou a Fazenda Pau Grande e várias outras propriedades na região de Paty do Alferes
15/05/2020
Historiador Sebastião Deister
Edição 293
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Titulado visconde com
Grandeza por Decreto de 11 de outubro de 1848, no mesmo ano em que D. Pedro II
realizava sua viagem pelo Sul Fluminense, inclusive com visitas a Paty do
Alferes e Vassouras.
Joaquim Filho nasceu em
12 de maio de 1821 e faleceu em 7 de outubro de 1888, sendo filho natural, mas reconhecido
por Escritura Pública, do 1º barão de Capivary (Joaquim Ribeiro de Avelar) com
uma senhora já casada de Paty do Alferes, sendo criado sob a
orientação do pai e das tias paternas na Fazenda Pau Grande.
O futuro visconde residiu
e estudou por alguns anos em Boulougne-sur-Seine (França), vindo posteriormente
tornar-se importante agricultor na Província do Rio de Janeiro (hoje Estado do
Rio) em áreas que atualmente correspondem aos municípios de Paty do Alferes
(daí a designação de Avelar para o 2ª distrito patiense) e Paraíba do Sul.
Na área militar, o
visconde de Ubá chegou ao posto de Tenente-Coronel da Guarda Nacional,
recebendo ainda as Comendas de Oficial da Imperial Ordem da Rosa e Fidalgo
Cavaleiro da Casa Imperial. Manteve-se como sócio correspondente do IHGB
(Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) de 1845 até o dia de sua morte em
1888.
Após sete anos de intensa
correspondência com sua pretendida, graças a uma primeira carta datada de 21 de
novembro de 1842, Joaquim casou-se em 17 de novembro de 1849 com D. Mariana
Velho da Silva (1827 - 1898), filha do Conselheiro José Maria Velho da Silva
(Veador da Imperatriz, título dado ao Oficial-Mor da Regente) e de D. Leonarda
Maria Velho da Silva (Dama de Sua Majestade, a Imperatriz), esta sobrinha do
visconde de Macaé e da baronesa de Jacotinga, além de prima do barão de Mota
Maia.
Joaquim e Mariana tiveram
12 filhos, a saber: Joaquim Velho de Avelar; Maria José Velho de Avelar;
Mariana Velho de Avelar; Joaquim Velho de Avelar (o 2°); Luiza Velho de Avelar;
Elisa Velho de Avelar; Júlia Velho de Avelar; Antônio Velho de Avelar; Josefina
Velho de Avelar; José Maria Velho de Avelar; Elisa Velho de Avelar (a 2ª) e
Joaquim Velho de Avelar (o 3°), sendo que alguns morreram ainda na infância e
apenas seis chegaram à idade adulta.
A filha Maria José Velho
de Avelar tornou-se 2ª baronesa de Muritiba ao se casar com Manuel Vieira Tosta
Filho, 2º barão de tal título, exercendo as funções Dama Efetiva de Sua
Majestade, a Imperatriz, e de Sua Alteza Imperial, a Senhora Princesa Isabel, a
condessa d'Eu. Por sua vez, a irmã Luiza casou-se com o capitão Antônio
Lemgruber, que administraria a fazenda Pau Grande no início do século XX,
enquanto Júlia esposou Francisco Figueira de Melo e Joaquim (o 3°) veio a ser
marido de Mariana Albuquerque de Avelar, a Zizinha.
Quanto ao filho Antônio
Ribeiro Velho de Avelar, vale lembrar que ele se tornou um dos mais requintados
proprietários da fazenda Pau Grande. Formado em advocacia no Rio de Janeiro,
veio trabalhar como Promotor Público em Paraíba do Sul. Posteriormente, exerceu
os cargos de Juiz de Direito da Comarca de Vassouras e Presidente da Câmara de
Vereadores daquela cidade, tendo sido ainda Deputado Estadual e Vice-Presidente
da Província do Rio de Janeiro. Supostamente misógino, era culto e muito
sofisticado, tendo mantido em Pau Grande um casal de franceses - os Doyen -
exclusivamente para seu atendimento pessoal: o marido desempenhava o papel de
mordomo e a esposa cuidava da casa como governanta.
Libertou seus escravos
Joaquim libertou, antes
de 13 de maio de 1888, todos os escravos de suas fazendas. Abastado capitalista
e respeitado fazendeiro, administrou a Fazenda Pau Grande e várias outras
propriedades na região de Paty do Alferes e também nas cidades do Rio de
Janeiro e Petrópolis.
Lua-de-mel das princesas
Isabel e Leopoldina
Sua bela casa de veraneio,
naquela cidade serrana, serviu de palco para a lua-de-mel das princesas Isabel
e Leopoldina.
Por seu turno, a
viscondessa foi uma das principais incentivadora das religiosas francesas da
Ordem de Nossa Senhora de Sion, facilitando o estabelecimento do famoso Colégio
Notre Dame de Sion, em Petrópolis.
O visconde de Ubá veio a
ser primo de Paulo Gomes Ribeiro de Avelar (barão de São Luiz), de Cláudio
Gomes Ribeiro de Avelar (barão do Guaribu), de João Gomes Ribeiro de Avelar
(visconde da Paraíba) e de Maria Isabel Assumpção Ribeiro de Avelar Peixoto de
Lacerda Werneck (esposa de Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, o 2º barão de
Paty do Alferes).
Joaquim e Mariana foram
casados por 39 anos. Ao morrer, o visconde deixou para sua esposa, por
testamento, a terça parte de seus bens além da meação legal, isto é, metade do patrimônio comum do casal a que a
viscondessa tinha direito. Lembre-se que Mariana faleceu em 1898, ou seja, dez
anos após o marido.