1º Barão de Entre Rios - Antônio Barroso Pereira

Foi agraciado como barão por Decreto de 15 de dezembro de 1852, ostentando um título de origem toponímica tomado ao município de Entre Rios (atualmente Três Rios).

 03/07/2020     Historiador Sebastião Deister      Edição 299
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Agraciado como barão por Decreto de 15 de dezembro de 1852, ostentando um título de origem toponímica tomado ao município de Entre Rios (atualmente Três Rios). Filho do sargento-mor Antônio Barroso Pereira e de D. Mariana Jacinta de Macedo (esta filha de José Rabelo de Macedo e de D. Maria de Carvalho Duarte), nasceu em 15 de fevereiro de 1792 na Freguesia de Sebollas, no município de Paraíba do Sul, vindo a falecer em Petrópolis em 12 de dezembro de 1862. Foi sepultado no jazigo da Capela de Nossa Senhora da Piedade, construída dentro da sua famosa Fazenda de Cantagalo, em terras de Entre-Rios. Exerceu o cargo de sargento-mor das Milícias do Império e tornou-se Oficial da Imperial Ordem da Rosa.

Decidido a formar sua família em terras da Paraíba, Antônio resolveu instalar sua propriedade nas proximidades daquele povoado, obtendo, através de um requerimento datado de 16 de setembro de 1817, algumas glebas de sesmaria no sertão entre os rios Paraíba e Paraibuna, rumando com as propriedades de João Pontes França. Enteado do afamado capitão Tira-Morros, montou então a sede de sua fazenda nas terras que hoje compõem parte da entrada da cidade de Três Rios, batizando-a de Cantagalo. Em tempo muito breve, Antônio já tinha desbravado as matas adjacentes à fazenda e cultivado grande parte de suas terras, ainda fazendo funcionar na propriedade uma grande serraria para, com sua produção, fornecer madeira a todas as construções vizinhas. Com a morte da mãe, herdou várias faixas de terras, revendendo-as ao sargento-mor José Vieira Afonso e ao tenente Antônio Luís dos Santos Werneck, de Bemposta, e a Tomé Corrêa de Sales, da freguesia de São José do Rio Preto, negociações que lhe proporcionaram grande lucros e serviram para ampliar sua fortuna.

    No ano de 1840, Antônio mandou construir nova sede para sua fazenda no centro de um parque, um verdadeiro palacete para os padrões da época, dotado de requintes arquiteturais trazidos por artistas portugueses, como um assoalho de fina madeira formando mosaicos e desenhos. Simultaneamente, desenvolveu na fazenda uma grande criações de porcos, cuja ceva, lavrada em pedra de cantaria, entrava pelo rio Paraíba, trabalho que lhe permitia estabelecer trocas comerciais vantajosas de toucinho salgado por outras mercadorias com os tropeiros que passavam regularmente pela sua propriedade.

    Em 1833 tomou parte, como vereador, da primeira Câmara Municipal de Paraíba do Sul, logo após aquela freguesia ter sido elevada à condição de vila, cargo que, a propósito, exerceu diversas vezes, chegando inclusive à Presidência da sua Casa Legislativa.

Antônio casou-se, em 3 de junho de 1811, com Claudina Venâncio de Jesus, filha de Manuel Jesus Cerqueira e de D. Mariana Eufrásia de Paiva. Com a morte do barão, a fazenda de Cantagalo passou às mãos da baronesa, sendo ela a responsável direta pela construção da capela dedicada à Nossa Senhora da Piedade. Ali, todos os domingos, celebravam-se missas acompanhadas, inclusive, pelos seus escravos. Devido ao prestígio de que desfrutava, a baronesa chegou a ter permissão do Papa para expor o Santíssimo em sua capela, graça excepcionalmente concedida a particulares pelo Vaticano. Após seu falecimento, a fazenda passou então para a filha Mariana Claudina, que viria a ser viscondessa do Rio Novo. A baronesa faleceu na fazenda em 1876, sendo sepultada ao lado do marido no jazigo da Capela de Nossa Senhora da Piedade.

    Desde a primeira legislatura na Câmara Municipal de Paraíba do Sul, o barão de Entre-Rios sustentou renhida luta com a família Paes Leme em busca de terras destinadas ao patrimônio do nascente município, o que acabou por resultar na doação de vastas áreas centrais da vila cujos proprietários eram chefiados pelo todo-poderoso marquês de São João Marcos (Pedro Dias Paes Leme), fato que muito beneficiou Paraíba do Sul.

    Além da Cantagalo, o Barão de Entre-Rios ainda administrou as fazendas Cachoeira, Boa União, Rua Direita e Piracema. Homem riquíssimo, deixou como patrimônio - além das propriedades rurais citadas - 407 escravos, um vistoso palacete e mais duas casas na Rua do Imperador, em Petrópolis, dois prédios na Rua Direita (hoje 1º de Março) no Rio de Janeiro, tudo avaliado em 70 contos de réis, 13 casas de comércio e de residência em Três Rios, nas proximidades da Estrada União e Indústria, diversos prédios em Paraíba do Sul e em São João d'El Rei, além de títulos resgatáveis e mais dinheiro em espécie depositados em várias casas bancárias, todo conjunto avaliado em Rs. 1.569:303$468 (mais de mil e quinhentos contos de réis), uma fortuna quase inacreditável para a época.

 

O casal deixou os seguintes descendentes:

 

1. MARIANA CLAUDINA BARROSO PEREIRA - Titulada viscondessa e condessa do Rio Novo, casada com o visconde e barão do Rio Novo (José Antônio Barrosos de Carvalho).

 

2. ANTÔNIO BARROSO PEREIRA - 2ª barão e depois visconde de Entre Rios.

 

BRASÃO DE ARMAS: Escudo esquartelado. No primeiro as armas dos Barrosos, de vermelho com cinco leões de prata, cada um com duas faixas xadrezadas de ouro e vermelho, postos em sautor. No segundo as armas dos Pereira, de goles, com uma cruz de prata florida, vazia do campo, e assim os alternos. Decreto Registrado no Livro VII, Pag. 137, Seção Histórica do Arquivo Nacional.