Prefeito Juninho recebe presidente da Funarte, que se comprometeu a criar um Centro de Artes no local
A importância histórica da restauração vai muito além de a Aldeia ter sido, na década de 80, do embaixador Pascoal Carlos Magno. Aonde é hoje a Aldeia, na verdade é o embrião de toda essa região.
24/07/2020
História
Edição 302
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Depois de iniciar as obras de restauração da Igreja
Matriz e de anunciar o início das obras no antigo prédio da Câmara Municipal,
com quase 200 anos, o prefeito Juninho recebeu o novo presidente da Funarte,
Leandro Querido, nomeado recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro, que
anunciou boas notícias para a recuperação da Aldeia de Arcozelo.
Querido se comprometeu a conseguir em Brasília
recursos para uma restauração do prédio e também quer, junto com a Prefeitura e
outras instituições, construir um Centro de ensino de Artes e um equipamento
para impulsionar o turismo.
Estiveram presentes na reunião o procurador jurídico
da Prefeitura Marcelo Mourão, o secretário de Cultura Henrique Gonçalves, o
diretor de projetos Luiz Borges, a diretora da Aldeia Helenice Pontes, Dra.
Renata, consultora jurídica da Funarte, e o professor Júlio Sampaio (UFRRJ/UFMG),
responsável pela avaliação histórica e arquitetônica para elaboração do projeto
de restauração do local.
O presidente da Funarte ressaltou a importância
cultural e histórica da Aldeia de Arcozelo, reforçando que ela é um importante
equipamento da Funarte com potencial para desenvolver projetos na região do
Vale do Café, além de prestar homenagem permanente ao seu criador, o grande
brasileiro e defensor da Cultura Pascoal Carlos Magno. A Funarte firmou um
termo de cooperação com a Universidade Federal de Minas Gerais para avaliação
dos equipamentos da fundação e elaboração de projetos para seu restauro, que no
caso de Paty já está avançando.
O prefeito Juninho Bernardes comentou a visita do presidente
da Funarte: "Desde o início de nosso governo, estamos lutando para resolver
a questão da recuperação do patrimônio histórico e cultural de Paty, que é uma
preocupação de todos nós, e a Aldeia sempre foi uma das prioridades. Agora, com
a visita do Luciano Querido, vimos uma possibilidade concreta de recuperarmos
este importante patrimônio de nosso município. Luciano destacou a importância
de uma parceria com o município para construirmos juntos um projeto final
destinado ao desenvolvimento da região. Ficou acordado um termo de cooperação
técnica para o andamento das próximas fases para enfim podermos voltar a
utilizar este maravilhoso e importante espaço para nossa cultura e turismo. Continuamos
trabalhando para resgatar nossa história e construirmos novas oportunidades
para os patienses!", destacou o prefeito.
Quem é Luciano Querido
Luciano Querido foi assessor do
vereador Carlos Bolsonaro entre 2002 e 2017, é casado com Luciana Alves Miranda
Barbosa e é padrasto de Allan e Isabella Alves Miranda Bastos. Luciano já comandava
a Funarte interinamente desde maio.
NOTA DA REDAÇÃO
A importância histórica da restauração vai muito
além de a Aldeia ter sido, na década de 80, do embaixador Pascoal Carlos Magno.
Aonde é hoje a Aldeia, na verdade é o embrião de toda essa região.
Segundo o maior historiador de nossa região, com
sete livros publicados, Sebastião Deister, Francisco Tavares chegou em 1739 e
formou a Fazenda Freguesia. Francisco Tavares tinha o cargo de Alferes - hoje
seria 2º sargento - e plantou as primeiras mudas de palmeiras Paty. Arcozelo
era tão importante que era a sede do município, só passando para Vassouras 94
anos mais tarde, em 1833.
Quase 100 anos mais tarde, em 1820, a Fazenda
Freguesia já com o fazendeiro Manoel Francisco Xavier, que também possuía as
fazendas Maravilha e Santa Thereza. E foi na Fazenda Maravilha que um de seus
escravos, Manoel Congo, fugiu e libertou mais 400 escravos, que tacaram fogo na
sede da fazenda e fugiram para a Gruta de Manoel Congo, onde hoje é Vera Cruz
em Miguel Pereira. Dos 400 escravos, muitos foram mortos pela milícia dos
fazendeiros e 12 foram capturados, julgados e condenados a 650 chibatadas, mas,
segundo o Código Penal da época, "só" podiam receber 50 chibatadas por dia. Assim,
a tortura durou 13 dias e os que sobreviveram tiveram que usar uma gargantilha
de ferro por três anos. Manoel Congo foi o único condenado à forca. Segundo a
sentença, seu enforcamento tinha que ser na frente de sua mulher e seu corpo
não pôde ser enterrado. O enforcamento ocorreu em Vassouras em 6 de setembro de
1839.
Zumbi dos Palmares está para o Brasil como Manoel
Congo está para o estado do Rio de Janeiro. Foram homens escravizados,
desterrados, expatriados, que lutaram pela liberdade de todos seus irmãos.