2º Barão de Muritiba - Manuel Vieira Tosta Filho

Todos ligados à estirpe Avelar de Paty do Alferes

 31/07/2020     Historiador Sebastião Deister      Edição 303
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Nascido na capital da Província da Bahia em 14 de outubro de 1839, Manuel era filho do 1º marquês, 1º barão e visconde de Muritiba com Grandeza Manuel Vieira Tosta (nascido em Cachoeira, Bahia, em 12 de julho de 1807 e falecido no Rio de Janeiro em 22 de fevereiro de 1896) e da viscondessa desse mesmo título (Isabel Pereira de Oliveira, falecida em 15 de fevereiro de1873).

Importante registrar que o 2º barão de Muritiba veio ao mundo no seio de uma conhecida e respeitada família cujos laços de amizade e importância prendiam-se à nobreza que circulava pelos corredores do Império Brasileiro. De fato, o barão, era Bacharel formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de São Paulo (turma de 1860), Desembargador aposentado da Relação da Corte, Membro Efetivo do Conselho de Sua Majestade, o Imperador D. Pedro II, Veador da Imperatriz Teresa Cristina de Bourbon (título honorífico que se dava ao Oficial-mor da Casa Real ou camarista da Imperatriz) e último Procurador da Coroa, Soberania e Fazenda Nacional até o advento da Proclamação da República em 15 de novembro de 1889. Era também Grande do Império, ostentando a Grã-Cruz da Ordem de São Gregório e o Distintivo de Magno de Roma. Como se não bastassem tantas láureas e comendas, o marquês ainda era detentor do título de Dignatário da Ordem Romana de Pio IX, além de participar, em 1904, como Membro Honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Instituto Histórico de São Paulo.

Manuel Vieira Tosta Filho casou-se em 17 de novembro de 1869 com Maria José Velho de Avelar, nascida em 7 de agosto de 1851 no Rio de Janeiro e falecida em Petrópolis no dia 13 de julho de 1932. Vale a pena recordar que Maria José era filha de Joaquim Ribeiro de Avelar Junior (o visconde Ubá) e de D. Mariana Velho da Silva, todos ligados à estirpe Avelar de Paty do Alferes. Por conseguinte, Maria José Velho de Avelar passou a ostentar o título de 2ª baronesa de Muritiba após seu enlace com Manuel Vieira Tosta Filho. A partir de então, foi convidada a exercer as funções Dama Efetiva de Sua Majestade, a Imperatriz, e de Sua Alteza Imperial, a Senhora Princesa Isabel, a condessa d'Eu. Curiosamente, Maria José era conhecida na Corte pela alcunha de Madame Avelar, visto que a família mantinha intensas ligações sociais e familiares com os Avelar, administradores por largo tempo da famosa fazenda Pau Grande.

Com efeito, sua irmã Luiza casou-se com o capitão Antônio Lemgruber, proprietário da Pau Grande no início do século XX, enquanto Júlia esposou Francisco Figueira de Melo e Joaquim Ribeiro de Avelar (o 3°) veio a ser marido de Mariana Albuquerque de Avelar, a Zizinha, da mesma família Avelar.

Manuel Vieira Tosta Filho foi agraciado com o título de 2º barão de Muritiba pelo Decreto de 13 de junho de 1888, com Honras de Grandeza. Após a Proclamação da República, o casal acompanhou a Família Imperial no exílio. A baronesa desfez-se de suas joias para auxiliar as obras de construção do mausoléu de D. Pedro II e de D. Teresa Cristina, em Petrópolis. Tal atitude explica a razão pela qual ela foi sepultada em Petrópolis, e não no Rio de Janeiro, como seria de esperar pelo fato de o marido ter cumprido, durante tanto tempo, suas obrigações na capital.

O barão viveu durante muito tempo em Boulougne-sur-Seine (ou Boulougne- Billencourt, ou seja, Bologna sobre o Mar), na França. Após a Proclamação da República em 1889, alguns dignatários mais próximos do Imperador D. Pedro II e muitas famílias com intensa circularidade pelos meandros do Império viram-se constrangidos a se retirar da vida social do Brasil por força dos trabalhos dos de republicanos que desejavam apagar as marcas da monarquia brasileira, entre os quais, naturalmente, a família dos barões de Muritiba tão fortemente alinhados às atividades do Imperador.

Manuel Vieira Tosta Filho faleceu em 5 de agosto de 1922 a bordo do vapor Bagé, já em águas do Espírito Santo, exatamente quando regressava em definitivo ao Brasil. A esposa Maria José, após sepultá-lo no Rio de Janeiro, seguiu para Petrópolis, onde viveria até sua morte em 13 de julho de 1932, um mês antes de completar 81 anos.

BRASÃO DE ARMAS: Em campo de azul, uma asna de ouro entre três estrelas de prata, de cinco pontas. Chefe de ouro carregado de três vieiras de goles, com a divisa Tive Santo Amor à Lei, um anagrama do nome Manuel Vieira Tosta.