Governo Federal não pode enfraquecer municípios no Bolsa Família

O sucesso de grandes carreatas pelo Brasil, no dia 23 de janeiro, mostra o descontentamento de grande parte dos brasileiros com o governo Bolsonaro.

 29/01/2021     Fala Bizerra!      Edição 330
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O sucesso de grandes carreatas pelo Brasil, no dia 23 de janeiro, mostra o descontentamento de grande parte dos brasileiros com o governo Bolsonaro. A palavra de ordem foi: vacinação ampla e rápida da população, manutenção do auxílio emergencial, emprego e o Impeachment do presidente.

Agora, somos surpreendidos com a informação de que o governo pretende priorizar o autocadastramento de beneficiários no CadÚnico (que centraliza os programas sociais), através de um aplicativo para celular. Isso, para reduzir custos.

Temos que questionar: como colocar um programa que atende os mais pobres por celular? Não sabem que grande parte do povo mora em locais que nem tem sinal de internet tem? Como colocar essa responsabilidade para pessoas simples? E o homem do campo, da zona rural?

Frente Nacional de Prefeitos

Em um país em que voltou a crescer a pobreza, o poder público não pode reduzir custos com proteção social. Em nota, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) manifestou preocupação em relação à medida. Para a entidade, isso esvazia o papel dos municípios no cadastramento de beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família.

Mais exclusão

Hoje, são os Cras (Centros de Referência de Assistência Social) que atendem as famílias e as incluem no CadÚnico. Elas são entrevistadas por servidores públicos especializados para isso. Afinal, esse público sofre com analfabetismo, baixa escolaridade e, até, falta de acesso à internet.

Essa proposta vai dificultar, ainda mais, o acesso de milhões de pobres às políticas de assistência e proteção social. As entrevistas ajudam à União, estados e municípios a direcionarem políticas públicas para a população, em todas as áreas. 

Quem usa aplicativos, sabe que não é tão simples o seu uso. Imagine para nosso povo simples, que terá que responder perguntas técnicas complexas. Não podemos deixar passar mais esse retrocesso.

Marcelo Bizerra é dirigente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes, e presidente da ONG Reviva.