A Trajetória Histórica do Município de Miguel Pereira

Desbravamento da serra do Tinguá, ciclo do café, nascimento do povoado de barreiros, período ferroviário, Vila da Estiva, período do Dr. Miguel Pereira, construção da cidade, emancipação, período de autonomia

 06/08/2021     Historiador Sebastião Deister      Edição 357
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1. Desbravamento da Serra do Tinguá: De 1700 até cerca de 1810. Cobre a abertura dos caminhos pela Serra: Caminho Novo de Minas por Garcia Rodrigues Paes entre 1700 e 1704; Caminho do Proença entre 1722 e 1724 e as Estradas do Comércio e da Polícia, estas no ano de 1811. O período abrange ainda o aparecimento da Fazenda Pau Grande (em 1709, na área de Paty do Alferes e a primeira da região do Tinguá), a implantação da Sesmaria do Capitão Marcos da Costa Fonseca Castelo Branco (em 1712), o nascimento da Vila de Paty do Alferes (em 1739) e o início da construção da Fazenda de Nossa Senhora da Piedade de Vera Cruz (em 1770), com sua conclusão em 1780 sob o comando da família Werneck.

 

2. Ciclo do Café: De 1770 a 1890. Apogeu da produção agrícola nas fazendas do Secretário (Vassouras), Piedade, Manga Larga, Monte Líbano, Monte Alegre e Palmeiras (estas na área de Paty do Alferes e em parte da região da futura Miguel Pereira), as cinco últimas pertencentes a Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, o 2º Barão de Paty do Alferes. Grande produtividade agrícola e intenso trabalho escravo nas grandes propriedades serranas. Fase de crescimento da Vila de Paty do Alferes, nascimento da Freguesia de Sacra Família do Caminho Novo do Tinguá (1750) e ainda da Vila de Vassouras (1782), esta logo constituída em vasto município em 1833. Tal período assistiu também à derrocada da cafeicultura no vale do Paraíba em consequência tanto da Abolição da Escravatura quanto do progressivo esgotamento do solo.

 

3. Nascimento do Povoado de Barreiros: De 1880 a 1912. Crescimento do povoado de Barreiros - origem de Miguel Pereira - localizado a meio caminho entre as vilas de Vassouras e Paty do Alferes. Construção da primeira capela católica do povoado, levantada em homenagem a Santo Antônio da Estiva pelo comerciante Antônio da Silva Machado, consagrada em 13 de junho de 1897 pelo padre Felippe Fortunato, data esta considerada oficialmente como o dia do nascimento da cidade de Miguel Pereira. Tal período caracterizou-se, ainda, pela construção da estrada de ferro da Linha Auxiliar a partir de Belém (hoje Japeri), implantada entre 1882 e 1898.

 

4. Período Ferroviário: Depois de 29 de março de 1898, data de inauguração das estações da Linha Auxiliar na área serrana, trecho ferroviário que conectava Japeri diretamente à cidade de Três Rios. Início das viagens regulares de trens de passageiros e de cargas por toda a região serrana. Grande desenvolvimento urbano, social, demográfico e arquitetônico da Estiva (nome que já substituía o topônimo Barreiros) e de Governador Portela, localidade esta sediando as oficinas de manutenção da Estrada de Ferro Central do Brasil. A imagem apresenta a estação da Estiva em 1898.

 

5. Vila da Estiva: De 1900 a 1920. Período caracterizado, em especial, pelas obras de ampliação da Igreja de Santo Antônio, financiadas principalmente pelas famílias Peralta e Machado Bitencourt. Inauguração da ligação ferroviária entre Governador Portela e Vassouras através de um segundo ramal da Linha Auxiliar (1914). Incremento do comércio geral na região. Nessa época aportou na Estiva, no ano de 1915, o médico e professor Miguel da Silva Pereira, que se hospedou pela primeira vez na Fazenda de Barão de Javary (Jorge João Dodsworth), junto ao lago do lugar.

 

6. Período do Dr. Miguel Pereira: Compreende os anos de 1915 a 1918. Intensa divulgação da Vila da Estiva no Rio de Janeiro pelo Dr. Miguel Pereira. Chegada de inúmeros imigrantes alemães, árabes, portugueses e italianos à Vila. Expressiva multiplicação de estabelecimentos comerciais, entre os quais armarinhos, bares, padarias, empórios variados e açougues. Morte do professor Miguel Pereira em 23 de dezembro de 1918.

 

7. Construção da Cidade: De 1920 a 1950. Época caracterizada principalmente pela troca do nome Estiva para Miguel Pereira. Chegada de novas levas de imigrantes, entre eles as famílias Ahouage, Dau, Farah, Levy, Barile, Januzzi, Carvalho, Machado, Rodrigues Ferreira, Perriconi, Badolati, Deister, Wängler e outras. Incremento considerável do comércio e da hotelaria, com o aparecimento dos hotéis dos Turistas, Lido, Suíça, Roma, Summerville e outros, alguns deles abrigando alentados e concorridos cassinos. Aparecimento da luz elétrica na região no ano de 1927, fornecida pela pioneira empresa Companhia Força e Luz Vera Cruz fundada por ngelo Lagrotta e Edmundo Peralta Bernardes. Surto de peste bubônica na Vila (em 1938) e grande enchente em toda região serrana (em 1945).

 

8. Emancipação: De 1951 a 1955. Amplos movimentos políticos em Miguel Pereira e em Governador Portela voltados para a liberação político-administrativa centralizada em Vassouras, até então município-mãe de Miguel Pereira, comandados em especial por alguns notáveis lideres locais, entre eles Frederico Augusto da Senna Wängler (que seria o primeiro prefeito do município), Gastão Gomes Leite de Carvalho, Darcy Jacob de Mattos, Oswaldo Duarte dos Santos, Francisco Ramos Bernardes, Francisco Marinho Andreiolo, Dr. Carlos Leite, Joaquim Pereira Soares, Antônio da Silva Valente, Aristolina Queiroz de Almeida e seu pai Arthur Monteiro Queiroz, José Antônio da Silva e outros mais.

 

9. Período de Autonomia: Desde a emancipação, ocorrida em 25 de outubro de 1955, até os dias atuais.