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Seja a sua relação boa ou ruim com a sua vulva, ela ocupa um lugar fundamental na vida de qualquer pessoa com vulva. Não importa se seus lábios internos são claros, escuros, assimétricos ou se já estão mais enrugados e se seu clitóris é grande ou pequeno.

Se houve algo ruim na sua vida, como relacionamentos abusivos e tóxicos, e a sua vulva está hoje alijada a um lugar de "esquecimento", um dia ela terá que ser retirada da escuridão e confrontada com o trauma vivido e sofrido. Assim é a vida e ela não é completa se a sexualidade ficar no ostracismo.

A energia sexual que emana das nossas vulvas e vaginas é poderosa demais para permanecer escondida. Se existem dores, existe também a cura. Acredito fortemente na cura através da sexualidade saudável e do prazer. Da ressignificação das más experiências através de um processo cuidadoso no qual a mulher terá a chance de olhar para as próprias feridas e cuidar delas com amor, carinho e prazer. Provavelmente, o caminho não será fácil, pois o confronto com nossos fantasmas é sempre doloroso e exatamente por isso insistimos em negligenciar a importância que nossa sexualidade tem. Às vezes, é um movimento de negação que já é tão natural que nem percebemos mais o longo tempo que não olhamos para ela.

De um jeito ou de outro, tenho certeza de que a sua vulva/vagina tem muito o que te dizer. Não transfira a responsabilidade deste diálogo, deste movimento de reconexão para sua parceria, pois este é um movimento só seu, individual. Faço agora um convite: pegue um espelho pequeno, daqueles de maquiagem mesmo que quase toda mulher tem, e olhe atentamente para sua vulva, com calma e afeto, converse com ela. Há quanto tempo você não faz isso?

Vou começar com um exemplo do que a minha vulva falaria para mim:

"Oi, eu sei que você me ama, me deixa dormir bem livre, nunca abafada, cuida de mim, mas estou sentindo falta dos nossos momentos a sós que eram tão frequentes e agora estão prejudicados com a falta de privacidade que a pandemia impôs. Consegue aumentar este tempo só nosso? Eles eram importantes para mim e me deixava feliz ao ver você estremecer de prazer quando me tocava."

E você? Qual mensagem a sua vulva te mandaria?

Clarissa Huguet é bacharel em Direito, mestre em Direito Internacional pela Universidade Utrecht, pós-graduada em Educação Sexual pela Unisal e idealizadora do perfil no Instagram @sexualize_se - Contato (21) 99701-7225