Luiz Gonzaga, O Rei do Baião

109 anos de nascimento

 17/12/2021     Historiador Sebastião Deister      Edição 376
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Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na fazenda Caiçara, na zona rural de Exu, no oeste do sertão de Pernambuco, em 13 de dezembro de 1912. A mãe chamava-se Ana Batista de Jesus, e o pai, Januário José dos Santos, um exímio tocador e consertador das chamadas sanfonas de oito baixos. Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocar e a tomar gosto pelo cantar.

Além de Luiz, Santana e Januário tiveram mais oito filhos: Joca, Maria Ifigênia (Geni), Severino, José Januário (Zé Gonzaga, também músico), Raimunda, Francisca (Chiquinha), Socorro e Aloísio (este casado em Miguel Pereira com Silvinha, e cujos filhos ainda vivem na cidade).

Gonzagão manteve-se fiel às suas origens mesmo depois de seguir carreira artística longe de sua terra e ser cultuado em todo o Brasil como o mais legíitimo representante do gênero musical que o consagrou: o baião.

Antes dos dezoito anos Luiz Gonzaga teve sua primeira paixão: Nazarena Milfont, a Nazinha. O coronel Raimundo Diolindo, pai da moça, não achou graça em tais propósitos e de pronto proibiu o namoro. Irado, Gonzaga comprou uma faca e decidiu desafiar o coronel, mas o pai e a mãe lhe deram uma surra exemplar. Revoltado, decidiu fugir de casa e botou o pé na estrada. Percorreu a pé os setenta quilômetros até a cidade de Crato carregando apenas a sanfona comprada em Ouricuri. Lá procurou um conhecido tocador local e ofereceu a sanfona dizendo que pretendia comprar uma nova. Com o dinheiro conseguiu a passagem para o trem cargueiro que o levou até Fortaleza, onde então se alistou no Exército. Em 1930, Gonzaga finalmente conseguiu embarcar no cargueiro Rodrigues Alves com destino ao Rio de Janeiro, onde deu baixa da vida militar.

Gonzaguinha

Pouco tempo depois, Gonzaga assinou seu primeiro contrato com a Rádio Nacional. Também em 1945, uma cantora de coro chamada Odaléia Guedes dos Santos deu à luz um menino, no Rio. Luiz Gonzaga mantinha um caso havia meses com a moça, iniciado, a bem da verdade, quando ela já estava grávida. Contudo, tomando conhecimento de que sua amante teria de assumir a condição de mãe solteira, honradamente assumiu a paternidade da criança, adotando-a e dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (que seria consagrado como Gonzaguinha).

 

Rosinha

 

Em 16 de junho de 1948, Luiz Gonzaga casou-se na Igreja de Nossa Senhora Aparecida, no Méier, com a também pernambucana Helena Cavalcânti, professora que tinha se tornado sua secretária particular. O casal viveu junto praticamente até o fim da vida, muito embora no outono de sua vida Gonzaga se separasse da esposa e passasse a viver ao lado de Edelzuita Rabelo (a Zuita). Helena não lhe deu filhos, mas o casal adotou uma menina a quem batizaram de Rosa Maria Gonzaga do Nascimento, a Rosinha.

Em seus últimos anos, Luiz Gonzaga sofreu muito por causa da osteoporose. No dia 21 de junho de 1989 foi admitido no Hospital Santa Joana, no Recife, com uma infecção urinária grave decorrente daquela doença. Às 5h20min do dia 2 de agosto - menos de dois meses após sua internação - seu coração parou de bater. Às 10h o corpo já estava num caixão de pinho recoberto de verniz escuro. Dali foi levado para o Hospital Oswaldo Cruz para ser embalsamado. Seus admiradores, por dias amontoados à entrada do Santa Joana, seguiram o triste cortejo a pé, gritando "Gonzaga não morreu" e batendo palmas para o seu amado ídolo, aquele que, por anos, representara tão bem sua terra no palco musical brasileiro.

Em 1995, os restos mortais de Gonzaga e da esposa Helena - falecida em 1993 - foram transferidos do cemitério de Exu para o Memorial Luiz Gonzaga, dentro do Parque Asa Branca, na mesma cidade. Por seu turno, Gonzaguinha morreu dois anos após o pai em consequência de um acidente de automóvel ocorrido no Paraná em 29 de abril de 1991, quando contava apenas 45 anos. Seu corpo foi sepultado no Jardim das Magnólias, em Belo Horizonte, cidade onde morava havia dez anos.