Desemprego, inflação e carestia: o triste legado do governo Bolsonaro

A carestia tem produzido cenas que chocaram o país: fila gigantesca para receber doação de ossos em um açougue em Cuiabá (MT); em Anápolis (GO), uma família se queimou ao tentar acender um fogão a lenha com álcool, por falta de gás...

 22/04/2022     Fala Bizerra!      Edição 394
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Todo governo deixa uma marca e um legado. Além de vários casos de suspeita de corrupção, o governo Bolsonaro é marcado pelo desemprego de mais de 12 milhões de pessoas, inflação crescente e a carestia. Tudo isso atinge mais os mais pobres, que passaram a cozinhar no fogão a lenha, comer ossos e pé de galinha, além de voltar a acender velas.

É o retrato de um desgoverno, cujo ministro e banqueiro, Paulo Guedes, não tem qualquer projeto para mudar essa realidade. A inflação de dois dígitos atinge, com mais força, os mais vulneráveis. Enquanto famílias de renda mais alta sofrem com alta dos preços de 9,6% em 12 meses, famílias de renda muito baixa sofrem com a alta de 10,5% em janeiro. A maior no período (10,8%), foi sentida por famílias de renda média-baixa. Esses dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A carestia tem produzido cenas que chocaram o país: fila gigantesca para receber doação de ossos em um açougue em Cuiabá (MT); em Anápolis (GO), uma família se queimou ao tentar acender um fogão a lenha com álcool, por falta de gás; uma mãe de cinco filhos que foi presa por furtar dois pacotes de macarrão instantâneo, um refrigerante e um sachê de suco em pó em um supermercado na Zona Sul de São Paulo. "Roubei porque estava com fome", argumentou, ao ser detida.

Infelizmente, o Estado não cumpre o seu papel de garantir condições dignas de sobrevivência ao povo brasileiro. Temos mais de 125 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, segundo o Observatório do 3º Setor. De acordo com o professor-associado do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), Célio Bermann, há incapacidade do governo em gerir questões como, por exemplo, a crise hídrica.

Ao jornal Correio Braziliense, ele destacou que a questão da energia elétrica no país vai muito além de uma crise energética, mas é social: "Quando você vê a população de baixa renda buscando alternativas para garantir segurança energética, como uso de álcool e fogão a lenha, notamos a desigualdade vexatória no país e a necessidade de políticas públicas voltadas para as classes sociais menos favorecidas", afirmou.

Por tudo isso, temos uma grande responsabilidade de mudar essa triste realidade. Não podemos nos omitir e temos que lutar nas ruas e votar bem nas urnas em outubro.

 

Marcelo Bizerra é diretor do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes, diretor da Central Sindical CTB, presidente da ONG Reviva e presidente do Bloco Tomatão.