Sociedade Musical XV de Novembro

Breve histórico

 17/07/2015     Historiador Sebastião Deister      Edição 42
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Governador Portela, além de ter visto nascer o primeiro clube de futebol de nossa terra em 1911, teve também a primazia de ser uma cidade inovadora no que se refere à criação das bandas de música civis da região. Tal iniciativa pioneira, proposta em 1918, partiu de Ernesto Sílvio de Mattos, um professor de música que viera residir na vila alguns anos antes. Convicto de que seria possível organizar uma associação musical naquele povoado tão dinâmico, trouxe para sua causa a colaboração de mais dois ilustres portelenses - os senhores Joaquim Prado Peixoto e Benedito Fidélis - e logo o trio passou a visitar outros músicos do lugar com a finalidade de montar uma comissão de fundação que mostrasse a todo o povo a seriedade daquele projeto cultural. A proposta logo ganhou corpo, e no dia 1 de setembro de 1918, na residência do senhor Luiz Carneiro de Sá Filho, reuniu-se pela primeira vez a Comissão de Fundação da Banda de Música de Governador Portela.

Encontravam-se presentes outros personagens da comunidade portelense, cuja participação seria decisiva para a criação daquela entidade. Caberia a eles indicar sua primeira diretoria e escolher o título da corporação, além de contratar um professor para os músicos novatos e determinar o valor das mensalidades a serem pagas pelos associados. Lá estavam, comungando dos mesmos ideais, Bruno dos Santos, Francisco Rodrigues Pires, Pedro Rodrigues da Silva, Antônio Alves de Souza, Benedito de Jesus Carvalho, Francisco de Alarcão, Justino Gomes Godinho, Attílio Manna e Oscar Max Eradt. Após longa exposição de motivos, apresentada por Ernesto Sílvio de Mattos, os votantes passaram a sufragar os nomes que deveriam compor a primeira diretoria da Sociedade Musical. Por unanimidade, ela ficou assim estruturada:

 

Presidente - Joaquim Prado Peixoto

Vice-presidente - Bruno dos Santos

Tesoureiro - Francisco Alarcão

1º Secretário - Ernesto Sílvio de Mattos

2º Secretário - Francisco Rodrigues Pires

1º Fiscal - Pedro Rodrigues da Silva

2º Fiscal - Benedito Fidélis

Procurador - Antônio Alves Ferreira

1º Maestro - Justino Gomes Godinho

 

Há que se explicar a razão da designação XV de Novembro da Sociedade Musical, já que ela fora fundada em 1 de setembro. Durante a primeira reunião da Comissão de Fundação, ficara acertado entre os presentes que, se o projeto fosse concretizado, todos deveriam envidar esforços a fim de que a associação promovesse sua primeira tocata o mais rapidamente possível, estimulando dessa maneira a chegada de novos adeptos para suas fileiras. Por esse motivo, escolheu-se a data de 15 de novembro de 1918 como o dia da estreia da corporação e, por conseguinte, passou a mesma a servir como título para a banda que nascia. Assim, naquele glorioso dia a Sociedade Musical XV de Novembro apresentou-se para a população portelense em um coreto armado junto à praça da estação ferroviária, sendo aplaudida pelas famílias portelenses, por ilustres convidados vindos de trem de Miguel Pereira e de Paty do Alferes, por alguns dirigentes da estrada de ferro e, principalmente, pelos parentes dos músicos que, enfim, tinham a oportunidade de exibir sua arte (imagem da Banda em 1918).

Infelizmente, não há documentação suficiente ou confiável que cubra um considerável lapso de tempo relativo às atividades da Sociedade Musical XV de Novembro, especialmente entre as décadas de trinta e cinquenta. Entretanto, nos anos setenta ela novamente ganhou forte impulso graças aos trabalhos desenvolvidos pelo maestro Valdir de Barros, que não apenas passou a regê-la, como ainda conseguiu atrair um grande número de jovens para a sua inédita escolinha de música.

De meados dos anos oitenta em diante, outro portelense ilustre resolveu dedicar parte de sua vida à XV de Novembro. José Mamede Calile - o Abraãozinho - recrutou alguns colaboradores e corajosamente reativou a sede da corporação, nela promovendo bailes, festas e espetáculos musicais destinados a angariar fundos para a instituição. Organizou também discotecas jovens nos domingos à noite, e amealhando aqui e ali seus parcos recursos, logrou reerguer a entidade. A despeito de todos os percalços, ele conseguiu construir outra nova sede para a agremiação, defronte da primeira, esta já exígua e desconfortável. Embora a obra ainda precise de alguns complementos importantes, o espaço possui uma infraestrutura capaz de abrigar um ótimo ginásio coberto em Portela. Somente o tempo dará a Abraãozinho o real valor que ele merece pelas suas iniciativas junto à Sociedade Musical XV de Novembro. Trabalhador incansável e eterno apaixonado tanto pela banda quanto por Governador Portela, na Sociedade Musical ele empregou quase a metade de sua vida, muitas vezes lutando tenazmente para conseguir os recursos destinados a organizá-la, buscando com isso sua participação nos concursos promovidos pela Secretaria de Cultura do Estado, o que levou a XV de Novembro, inclusive, a ser Campeã Estadual de Bandas Civis em 1990.