Dados socioeconômicos de Miguel Pereira em 1955
Trajetória Política e Social de Miguel Pereira
01/07/2022
Historiador Sebastião Deister
Edição 404
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Para que
se tenha uma ideia mais precisa sobre as condições financeiras e
administrativas de Miguel pereira à época de sua emancipação, torna-se importante
lembrar alguns dados geográficos, agrícolas e socioeconômicos do Município nos
anos cinquenta, os quais nos permitirão uma visão mais correta a respeito da
infraestrutura recebida pelo primeiro governo de Frederico Wängler.
Podemos
citar que, em 1950, segundo dados do IBGE, Miguel Pereira e Portela
apresentavam uma população de 10.831 habitantes, com a seguinte distribuição:
|
Miguel Pereira
|
Portela
|
Total
|
Homens
|
2.774
|
2.611
|
5.385
|
Mulheres
|
2.845
|
2.001
|
4.846
|
|
5.619
|
4.612
|
10.231
|
Quando de
sua emancipação em 1955, o novo município já apresentava uma população de
12.700 habitantes, incluindo-se nesse total, é claro, os moradores da chamada
Zona Rural (Francisco Fragoso, Vera Cruz, Marcos da Costa, Arcádia e Santa
Branca).
Em 1956,
Miguel Pereira dedicava-se basicamente à horticultura e à floricultura,
possuindo uma pequena indústria (a de torneiras Védeko, dos Pereira Soares),
fábrica de artefatos de cimento (Indústria Paulo Rúbio & Filhos), fábrica
de artefatos de couro e várias serralherias. Na época, as atividades hoteleiras
eram bastante expressivas em razão do forte turismo verificado na região.
Em 1956,
a Agência Municipal de Estatística apontava a seguinte produção na área
agrícola (em valores monetários da época):
Produtos
|
Unidade
|
Quantidade
|
Valor (Cr$)
|
Abacate
|
Cento
|
58.000
|
4.200.000
|
Tomate
|
Quilo
|
44.000
|
176.000,00
|
Laranja
|
Cento
|
2.980
|
149.000,00
|
Abóbora
|
Fruto
|
13.000
|
102.000,00
|
Batata inglesa
|
Quilo
|
5.000
|
45.000,00
|
Já o
extrativismo (tanto mineral quanto vegetal) apresentava os seguintes
resultados:
Produtos Minerais
|
Produção mensal
|
Valor (Cr$)
|
Pedra britada
|
150 m³
|
27.000,00
|
Pedra alvenaria
|
100 m³
|
14.000,00
|
Lajotas
|
220 m²
|
13.000,00
|
Lenha
|
300 m²
|
24.000,00
|
Embora
existisse, a produção industrial em 1956 era muito reduzida, destacando-se em
maior escala a produção de energia elétrica pela Companhia Força e Luz Vera
Cruz, a fabricação de derivados de cimento e a ótima produção de materiais de
construção, como ferragens, tijolos e telhas.
Quanto às
atividades bancárias, Miguel Pereira possuíra, nos idos de 1947, uma agência do
Banco Fluminense da Produção, em pouco tempo falido. Na década de cinquenta,
instalou-se na cidade o Banco Mandaro, também prematuramente desaparecido, e
somente alguns anos depois chegaria à cidade uma agência do Banco de Crédito
Real de Minas Gerais S/A, que aqui funcionou até 1994, aliás uma das mais
expressivas agências bancárias do município
Recorrendo
à Enciclopédia Brasileira dos Municípios, editada em janeiro de 1959,
relacionaremos para o leitor mais alguns interessantes aspectos de Miguel
Pereira no período imediato à emancipação, a saber:
- Aspectos
Urbanos - A cidade
já dispunha de alguns melhoramentos urbanos. O Serviço de Água, mantido pela
Prefeitura Municipal, estendia sua rede a cerca de 10 ruas, abastecendo 447
prédios. Entre os serviços públicos municipais, Miguel Pereira contava também
com a remoção domiciliar de lixo, que cobria 44 logradouros, atendendo a 660
domicílios. A cidade possuía 28 aparelhos telefônicos instalados, 693 ligações
elétricas, 6 hotéis e 1 cinema (Cine Miguel Pereira).
- Comunicações
- O Departamento
de Correios e Telégrafos mantinha no município as seguintes repartições:
Agências Postais em Francisco Fragoso e Governador Portela e Agência Postal
Telegráfica em Miguel Pereira. A Estrada de Ferro Central do Brasil tinha
serviços telegráficos de uso privativo nas estações de Arcádia, Fragoso,
Portela, Vera Cruz e Miguel Pereira. Os serviços telefônicos estavam a cargo da
CTB - Companhia Telefônica Brasileira, com rede urbana em Miguel Pereira e
Postos em Barão de Javary e Portela.
- Números da
alfabetização
Distrito
|
|
Alfabetizados
|
Sem alfabetização
|
Miguel Pereira
|
Homens
|
711
|
774
|
Mulheres
|
695
|
Governador Portela
|
Homens
|
742
|
768
|
Mulheres
|
618
|
|
|
2.766
|
1.542
|
- Ensino - O ensino profissional do município
era ministrado pela Escola Profissional Carvalho de Souza, mantida em Portela
pela Estrada de Ferro Central do Brasil. Nessa mesma localidade, foi iniciado,
em 1957, o ensino ginasial no Ginásio Governador Portela. O ensino primário era
feito em 15 estabelecimentos, dos quais 5 mantidos pelo Estado, 8 pela
Prefeitura, 1 por entidade particular e 1 pelo Governo Federal, este um Curso
de Alfabetização de Adultos.
- Assistência
Médico-Sanitária - Os
Serviços Oficiais de Saúde eram superintendidos pelo Posto de Saúde de
Governador Portela. A Prefeitura Municipal mantinha um Posto Médico na Estação
de Vera Cruz. Havia mais 5 Postos e/ou Ambulatórios, sendo que um deles dispunha
de 12 camas para internamentos de graça. Os moradores viam-se assistidos por 4
médicos e 1 dentista. No mesmo ambulatório ainda funcionava uma farmácia.
- Finanças
Finanças Públicas em 1956, a arrecadação do Município foi a seguinte,
em milhares de cruzeiros:
|
Federal
|
1.500
|
Estadual
|
3.092
|
Municipal
|
841
|
Tributária
|
739
|
|
6.172
|
Outros aspectos do município - Zona de veraneio. O Lago de
Javary permitia natação, pesca e passeio de bote. Como acidente geográfico de
maior importância indicava-se o rio Santana, nascido na Serra de Santa
Catarina, na divisa com Petrópolis, que ainda banha quase todo o território
miguelense. Na área social, Miguel Pereira possui 4 entidades
esportivo-culturais (Portela AC, Miguel Pereira AC, Estrela FC e Central AC) e
2 entidades artísticas (Sociedade Musical XV de Novembro e Sociedade Musical de
Miguel Pereira).
A partir dos anos sessenta, começaram a se instalar
no município várias colônias de férias, como, por exemplo, a ASA-RIO (IMAGEM), isto é,
Colônia da Associação dos Servidores Autônomos do Rio de Janeiro.
Na
próxima edição: A Lei de Emancipação de Miguel Pereira