O comerciante Avelino Ribeiro (citado no texto anterior) administrou também um segundo armazém em Miguel Pereira
Casas, ruas e loteamentos pioneiros do município - Parte VI
28/10/2022
Historiador Sebastião Deister
Edição 421
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Seguindo
pelo lado direito da rua Maria José, na junção com a rua Machado Bitencourt,
Pedro "Sapateiro" Vergnano montou um grande empório de variedades. Contornando
a esquina já em direção à Igreja, esse mesmo comerciante ofereceu à cidade uma
enorme bomba de gasolina, destinada a abastecer os maravilhosos automóveis que
pouco a pouco chegavam à serra, depositando ali grandes galões de gasolina e
querosene. Na realidade, Pedro vinha estabelecer forte concorrência com Antônio
"Tuneca" de Araújo Leitão que, vislumbrando as imensas possibilidades
comerciais dos combustíveis e que o automóvel em época muito próxima seria o
veículo da moda, também abrira um posto de abastecimento no terreno hoje
existente nas imediações da rodoviária central da cidade e do atual
Supermercado Bramil. Junto a esse terreno, aliás, "Tuneca" fundou ainda uma
casa exclusiva de venda, aluguel e consertos de bicicletas, até pouco tempo
administrada pelo filho Sérgio, ex-vice-prefeito de Miguel Pereira, mas agora
desativada.
Vencendo
a esquina que conduzia à Igreja - alguns metros antes da travessia do córrego
do Sacco -, logo apareceu o Bar e Restaurante São Jorge, gerenciado por longo
tempo por membros da família Nonno, estabelecimento popular até hoje lembrado
pelos mais idosos moradores da cidade. Ao lado do restaurante, uma pequenina
porta anunciava o embrião da Loja Fornecedora de Materiais, a Fornemat Ltda. fundada
em 1948. A partir desse estabelecimento pioneiro, João da Silveira Duarte
conseguiu adquirir todo o prédio da esquina, derrubando-o e levantando naquele
terreno privilegiado uma casa bem maior, cujos andares superiores foram
utilizados na construção de vários apartamentos.
Cruzando
o córrego do Sacco, Zeca Leal aproveitou um espaçoso descampado para nele
construir uma sequência de modestas casas de taipa e pau-a-pique, sendo que
três delas logo tiveram particular importância para Miguel Pereira. Numa, o Dr.
Osvaldo de Araújo Lima - certamente um dos médicos mais queridos de todos os
tempos na velha cidade e o profissional que, em 1938, conseguiu evitar uma
epidemia de peste bubônica na região - inaugurou seu consultório médico, cujas
portas jamais se fechavam: ele as deixava deliberadamente abertas para que seus
clientes entrassem a qualquer hora do dia ou da noite.
Em outra
casinha próxima, alocou-se a "Companhia Telephônica Brasileira", em
junho de 1945, transferida que fora do antigo prédio localizado do outro lado
dos trilhos, onde hoje se ergue o Edifício Duarte. Já numa terceira casinha,
vizinha direta da telefônica, o pioneiro comerciante Simeão presenteou a
população com a primeira e bem montada padaria da cidade, um prazer inenarrável
para as donas de casa da serra. Depois de abrir esse negócio precursor em
Miguel Pereira e explorá-lo por alguns anos, Simeão passou o ponto para
Policarpo "Lique" Barbosa e sua esposa Cecília Rodrigues Barbosa. Ambos logo
executaram uma série de obras de recuperação nas dependências da casa e também
ampliaram seus fornos a lenha, com isso fundando a Padaria e Confeitaria Santa
Cecília, até hoje em pleno funcionamento, muito embora sua administração não
mais esteja em mãos da família e tenha seu título trocado para Padaria do
Angu. Na realidade, "Lique" e D. Cecília já vinham oferecendo serviços a
Miguel Pereira na área de confeitaria, pois valiam-se de algumas modestas
instalações cedidas por Juju junto do seu armazém, no outro lado da mesma rua.
Consciente da necessidade de dispor de um negócio próprio, para inclusive não mais depender dos favores do
inconstante Juju, e orgulhoso das notáveis e inatas habilidades de sua esposa
na produção de doces, pãezinhos e outros quitutes, "Lique" aos poucos amealhou
alguns preciosos contos de réis e com eles comprou para a esposa sua tão
sonhada padaria, a qual, diga-se de passagem,
transformou-se rapidamente num dos mais procurados e elogiados pontos de
referência comercial na cidade nas décadas seguintes.
Imagem: Construção da grande loja da Fornemat Ltda.
Na próxima edição: Casas, Ruas e Loteamentos Pioneiros do
Município - Parte VII