Cartas do prisioneiro Zé Nabo - Parte 2
E a ajuda de Luiz Gonzaga
14/04/2023
Historiador Sebastião Deister
Edição 445
Compartilhe:
Após sofrer as agruras de um cativeiro
desumano e imerecido, Zé Nabo voltou ao convívio da família e dos amigos.
Entretanto, o período retido nas celas do malfadado DOPS deixou-o em situação
econômica complicadíssima. Com a esposa e vários filhos dependentes do seu
trabalho como chefe de família, ele se viu desprovido dos salários que
carreavam conforto e tranquilidade à sua casa, até porque seus algozes lhe tinham
retirado seus proventos como deputado estadual, deixando-o à mercê da caridade
alheia.
A ajuda de Luiz Gonzaga
Contudo, uma pessoa admirável tratou de ajudá-lo:
Luiz Gonzaga. Com efeito, o grande cantor, comovido com as penas do amigo,
organizou um grande espetáculo musical em Portela, cuja arrecadação total foi
de pronto entregue a Zé Nabo como incentivo para sua luta de recuperação
emocional e financeira. A música principal, batizada como Forró de Cabo a
Rabo, em terminado trecho salientava que:
"Eu fui dançar um forró, Lá na casa do Zé Nabo, Nunca
vi forró tão bom, Nessa noite quase me acabo, Tinha um mundão de mulé,
Sanfoneiro como o diabo, O forró tava gostoso, Era forró de cabo a rabo".
Felizmente - tanto para si
mesmo, quanto para o próprio município - Zé Nabo recuperou-se, batalhou pelo bem
de seus familiares e novamente voltou-se para a política, elegendo-se para um
segundo mandato como prefeito nas eleições de 15 de novembro de 1982 tendo a
escudá-lo o vice Benício de Oliveira Mesquita. Administrou a prefeitura entre
31 de janeiro de 1983 e 31 de dezembro de 1988. Seguem cópias de mais quatro
cartas de Zé Nabo enviadas diretamente da prisão.
NOTA: Talvez alguns textos não se liguem aos anteriores
de maneira lógica, ou seja, é possível não haver uma conexão direta entre eles.
Talvez isto se explique pelo fato de algumas cartas terem se extraviado ou
retidas pelo DOPS.
Na próxima edição: Torneio Hípico em 1971