Paty

Suas esquinas estão vivas... sempre!

 14/07/2023     Marcelo Mourão      Edição 458
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Esquinas... tantas... ruas... várias...

Lembranças... Todas...

Pessoas... milhares... especiais...

Meus Pais, meus irmãos, minha família, amigos.

Desse pedaço de terra

Desse pedaço de chão

Desse pedaço de paixão

Que, se não tivesse o nome de Paty...

Seria... com certeza... coração...

Coração que me viu crescer...

Amanhecer... anoitecer...

Abro meu baú de memórias...

Releio cartas, admiro fotografias...

Lembro o tempo que já se foi,

Levando, por vezes, fotografias deste chão.

Lembro do medo do cheiro da fumaça que, por duas ou três vezes, foi bicho-papão.

Sinto saudade de tanta gente, de tantas coisas, tantos momentos...

Saudade da música dedilhada no violão pelo meu Pai...

Saudade da minha rua, da calçada, da sacada,

Dos amigos... das aventuras... das primeiras paixões,

Das músicas, dos bailes... e, claro, quando éramos foliões.

Da época do Pavilhão, do Campestre, do Teatro do Sobrado ...

Época tão mágica e linda de renascimento do teatro.

Cheiro de terra molhada... da água da chuva nas plantas ...

Do cheiro de pipoca no Cine Carvalho...

Do cheiro de incenso das cerimônias da Igreja,

De todos os tons dos corais...

Dos papos, drinks, brigas e sopapos,

Das conversas nas cadeiras de palha...

Da luz do inesquecível Casebre,

Dos encontros tão especiais... dos amigos ocultos da turma.

Saudade das caronas na camionete Azul para a boite Aquarius em Arcozelo ...

Dos espelhos... dos flertes... do Martini Rose e do Halls sabor Cereja...

São tantas lembranças que não cabem no baú de memórias...

Então quando transbordam...

Outro baú é aberto...

Outro baú é criado...

Porém o meu coração é o mesmo... sempre do mesmo tamanho ...

E assim... passam os anos... mas as esquinas estão lá...

Dobrando o tempo que, de tempos em tempos,

Reviram as folhas, as fotografias e tudo que toca a nossa lembrança...

Sinto sempre, caminhando nas ruas, aquela gostosa emoção

Quando lembro da época que passou...

Mas lembro também do presente recente

Que emociona a gente

Com gente que vem de presente

Aquecer o tempo frio ou quente

Do nosso velho coração.

Sinto, na minha querida Paty,

Que, mesmo revestida da busca de modernidade e do progresso ...

Cultiva a simplicidade do seu povo humano e modesto,

Que a cada instante faz pulsar o coração da terra...

A batida do coração é o compasso do caminhar nas ruas...

É a ansiedade que sempre sinto quando um novo dia começa...

Quando um novo encontro acontece

E quando tenho certeza de que Paty é tão especial.

Talvez seja por tudo isso...

Que tenho orgulho desta terra natal.

Sinto as esquinas vivas... com emoção, coração e olhar

De quem testemunha o tempo e sempre sabe amar;

Sinto as esquinas respirando num compasso apaixonado,

Oxigenando o cotidiano

Do qual tenho orgulho de ir compartilhando...

Paty vai ser sempre assim,

Simples e com jeito de roça

Nas estradas da nossa vida,

Porque as emoções da gente humilde

Viajam Sempre de carroça.